terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Boas Festas!

 Há já uns anos, passei em Macieira na altura do natal e entrei na «Venda de Macieira», agora chamada de «Supermercado Campos» e comprei o bacalhau para o Natal.


Este ano não calhou passar por lá, mas em espírito ando sempre pela freguesia que me viu nascer, no lugar do Outeiro, membro da grande família do Sr. Jerónimo Ferreira.


E aproveito para desejar a todo os Macieirenses um Bom Ano de 2025!

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Recordar outros tempos e outras gentes!

 



Do Lobito sai uma estrada que se dirige para Leste a caminho de Bocoio, antiga Vila Sousa Lara, região de grande influência agrícola, para onde emigrou a família do Tio David Vitorino, nos idos de 1955.

Os seus filhos, talvez pela proximidade das nossas residências, eram os meus amigos de brincadeiras a que se seguiam o Amaro do Matos e o Quim Pimpa, todos colegas de Escola Primária. Acabada a 4ª Classe era obrigatório traçar outro rumo para a nossa vida. O Quim ficou em Macieira até ao dia em que faleceu vítima de cancro nos pulmões. O Amaro e eu fomos estudar, quanto à família dos Farinheiros o seu destino foi Angola.

O Salazar acordou tarde para o problema, mas na década de 50 do século passado, começou a incentivar a ida de colonos para Angola para acelerar o desenvolvimento rural daquela província ultramarina. Um contrato de 25 anos para cultivar uns quantos hectares de terreno que era preciso desbravar e que ao fim desse período passariam a ser propriedade do colono.

A Vila Sousa Lara era a capital do ananás e eu acredito que foi nessa área que o Tio David resolveu investir o seu tempo e as suas energias. Os filhos eram ainda pequenos para ajudar, o Serafim tinha 12 anos e o Benjamin 10, mas, como diz o ditado, o trabalho do menino é pouco, mas quem o desperdiça é louco.

Pena foi ter começado a guerra, seis anos depois de lá terem chegado e os filhos terem alinhado pelo Exército Português, logo que atingiram a idade para isso. O Serafim fez 21 anos, em 1964 e o Benjamim em 1966 e a guerra durou ainda até o Domingos e o Manuel serem também chamados a cumprir o dever pátrio. E depois da Guerra Colonial veio a guerra civil que acabou com a vida dos colonos portugueses que tiveram que regressar a Portugal ou refugiar-se nas cidades. Foi uma desgraça para todos, portugueses e angolanos.

Nas imagens acima que recortei dum mapa do Google Earth pode ver-se a zona onde eles foram parar e a povoação de Cavissamba (perto do Morro das Mamas) era o lugar onde tinham a sua exploração agrícola. Hoje, todos os filhos do Tio David que ficaram em Angola são já defuntos, restam por lá alguns netos, nascidos do Serafim, do Manel e da Conceição, mas até o Benjamim, actualmente, a morar em Vila Real de Trás-os-Montes, lhes perdeu o rasto.

Como hoje é dia de consoada e seria altura de reunir toda a gente à volta da mesa, vim lembrar esta família que foi importante para mim, na minha infância, e já cá não está fisicamente. Mas da minha memória ninguém a apaga!

P.S. - O Manel, morador na freguesia de Campo, Barcelos, que era filho da Tia Carma (de solteira) também já faleceu, assim como a Lúcia, moradora na Póvoa de Varzim, filha do Tio David (de solteiro).

domingo, 8 de dezembro de 2024

Dia da Imaculada Conceição!

 Vivi em Macieira até aos 11 anos. Lá só havia santos, a começar pelo Santo Adrião que era o padroeiro, seguido do S. Tiago a quem se fazia a única festa que havia da aldeia e depois o S. Sebastião que tinha uma imagem pequenina, no lado esquerdo da igreja, e era sempre lembrado como um santo especial com direito a procissão e festa, ainda nos dias de hoje.

Depois dos 11 anos mudei-me para Coimbra e vivi 4 anos num Colégio que tinha como padroeira a Imaculada Conceição com festa garantida a cada dia 8 de Dezembro. De lá vim parar à Póvoa e fiquei a morar na paróquia da Matriz de que é padroeira a Imaculada Conceição.

Seguiu-se, depois destes acontecimentos, uma passagem pela Marinha e pela Guerra Colonial com uma passagem de 5 anos inteirinhos na antiga província portuguesa de Moçambique, também conhecida como «África Oriental Portuguesa».

Uns poucos meses depois, já estava casado e a morar na mesma rua, onde estivera aos 16 anos, ou seja, na Paróquia da Imaculada Conceição, da Póvoa de Varzim, onde ainda moro, hoje. A festa aqui acontece junto ao castelo, ou fortaleza também dedicado à nossa padroeira. Fortaleza de N. S. da Conceição, assim se chama para quem não sabe.

A particularidade desta festa e que leva uma multidão ao largo do Castelo é a subida ao pau. Trata-se de um poste de madeira, convenientemente, ensebado para dificultar a subida, onde estão pendurados vários artigos, como um bacalhau, uma garrafa de Porto, um molho de chouriças, etc.. Todos os presentes são convidados a subir ao pau, mas, na prática ninguém aceita, pois não está vestida para tal missão.

Mas há sempre uns rapazes que ano após ano disputam o prémio pendurado lá no alto. Vêm vestidos com roupa velha, que acabada a festa vai parar ao lixo, e um saco cheio de cinza misturada com serrim que vão aplicando no pau, conforma progridem na subida, Só assim se consegue não escorregar, mas é preciso fôlego para tentar uma e outra vez até o pau estar, suficientemente, limpo para lhes permitir chegar lá acima e recolher o prémio.

A maior parte das vezes chove nesse dia e isso afasta muita gente que não quer passar ali a tarde a olhar para o ar e levar com a chuva pela cabeça abaixo. Hoje, parece que não choverá, o IPMA prevê tempo seco e frio, portanto é de se esperar uma boa «Subida ao Pau», no Castelo.