terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Boas Festas!

 Há já uns anos, passei em Macieira na altura do natal e entrei na «Venda de Macieira», agora chamada de «Supermercado Campos» e comprei o bacalhau para o Natal.


Este ano não calhou passar por lá, mas em espírito ando sempre pela freguesia que me viu nascer, no lugar do Outeiro, membro da grande família do Sr. Jerónimo Ferreira.


E aproveito para desejar a todo os Macieirenses um Bom Ano de 2025!

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Recordar outros tempos e outras gentes!

 



Do Lobito sai uma estrada que se dirige para Leste a caminho de Bocoio, antiga Vila Sousa Lara, região de grande influência agrícola, para onde emigrou a família do Tio David Vitorino, nos idos de 1955.

Os seus filhos, talvez pela proximidade das nossas residências, eram os meus amigos de brincadeiras a que se seguiam o Amaro do Matos e o Quim Pimpa, todos colegas de Escola Primária. Acabada a 4ª Classe era obrigatório traçar outro rumo para a nossa vida. O Quim ficou em Macieira até ao dia em que faleceu vítima de cancro nos pulmões. O Amaro e eu fomos estudar, quanto à família dos Farinheiros o seu destino foi Angola.

O Salazar acordou tarde para o problema, mas na década de 50 do século passado, começou a incentivar a ida de colonos para Angola para acelerar o desenvolvimento rural daquela província ultramarina. Um contrato de 25 anos para cultivar uns quantos hectares de terreno que era preciso desbravar e que ao fim desse período passariam a ser propriedade do colono.

A Vila Sousa Lara era a capital do ananás e eu acredito que foi nessa área que o Tio David resolveu investir o seu tempo e as suas energias. Os filhos eram ainda pequenos para ajudar, o Serafim tinha 12 anos e o Benjamin 10, mas, como diz o ditado, o trabalho do menino é pouco, mas quem o desperdiça é louco.

Pena foi ter começado a guerra, seis anos depois de lá terem chegado e os filhos terem alinhado pelo Exército Português, logo que atingiram a idade para isso. O Serafim fez 21 anos, em 1964 e o Benjamim em 1966 e a guerra durou ainda até o Domingos e o Manuel serem também chamados a cumprir o dever pátrio. E depois da Guerra Colonial veio a guerra civil que acabou com a vida dos colonos portugueses que tiveram que regressar a Portugal ou refugiar-se nas cidades. Foi uma desgraça para todos, portugueses e angolanos.

Nas imagens acima que recortei dum mapa do Google Earth pode ver-se a zona onde eles foram parar e a povoação de Cavissamba (perto do Morro das Mamas) era o lugar onde tinham a sua exploração agrícola. Hoje, todos os filhos do Tio David que ficaram em Angola são já defuntos, restam por lá alguns netos, nascidos do Serafim, do Manel e da Conceição, mas até o Benjamim, actualmente, a morar em Vila Real de Trás-os-Montes, lhes perdeu o rasto.

Como hoje é dia de consoada e seria altura de reunir toda a gente à volta da mesa, vim lembrar esta família que foi importante para mim, na minha infância, e já cá não está fisicamente. Mas da minha memória ninguém a apaga!

P.S. - O Manel, morador na freguesia de Campo, Barcelos, que era filho da Tia Carma (de solteira) também já faleceu, assim como a Lúcia, moradora na Póvoa de Varzim, filha do Tio David (de solteiro).

domingo, 8 de dezembro de 2024

Dia da Imaculada Conceição!

 Vivi em Macieira até aos 11 anos. Lá só havia santos, a começar pelo Santo Adrião que era o padroeiro, seguido do S. Tiago a quem se fazia a única festa que havia da aldeia e depois o S. Sebastião que tinha uma imagem pequenina, no lado esquerdo da igreja, e era sempre lembrado como um santo especial com direito a procissão e festa, ainda nos dias de hoje.

Depois dos 11 anos mudei-me para Coimbra e vivi 4 anos num Colégio que tinha como padroeira a Imaculada Conceição com festa garantida a cada dia 8 de Dezembro. De lá vim parar à Póvoa e fiquei a morar na paróquia da Matriz de que é padroeira a Imaculada Conceição.

Seguiu-se, depois destes acontecimentos, uma passagem pela Marinha e pela Guerra Colonial com uma passagem de 5 anos inteirinhos na antiga província portuguesa de Moçambique, também conhecida como «África Oriental Portuguesa».

Uns poucos meses depois, já estava casado e a morar na mesma rua, onde estivera aos 16 anos, ou seja, na Paróquia da Imaculada Conceição, da Póvoa de Varzim, onde ainda moro, hoje. A festa aqui acontece junto ao castelo, ou fortaleza também dedicado à nossa padroeira. Fortaleza de N. S. da Conceição, assim se chama para quem não sabe.

A particularidade desta festa e que leva uma multidão ao largo do Castelo é a subida ao pau. Trata-se de um poste de madeira, convenientemente, ensebado para dificultar a subida, onde estão pendurados vários artigos, como um bacalhau, uma garrafa de Porto, um molho de chouriças, etc.. Todos os presentes são convidados a subir ao pau, mas, na prática ninguém aceita, pois não está vestida para tal missão.

Mas há sempre uns rapazes que ano após ano disputam o prémio pendurado lá no alto. Vêm vestidos com roupa velha, que acabada a festa vai parar ao lixo, e um saco cheio de cinza misturada com serrim que vão aplicando no pau, conforma progridem na subida, Só assim se consegue não escorregar, mas é preciso fôlego para tentar uma e outra vez até o pau estar, suficientemente, limpo para lhes permitir chegar lá acima e recolher o prémio.

A maior parte das vezes chove nesse dia e isso afasta muita gente que não quer passar ali a tarde a olhar para o ar e levar com a chuva pela cabeça abaixo. Hoje, parece que não choverá, o IPMA prevê tempo seco e frio, portanto é de se esperar uma boa «Subida ao Pau», no Castelo.


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

O nosso santo padroeiro!

Sendo Macieira a freguesia de Santo Adrião seria de esperar que os seus habitantes usassem com mais frequência o nome do santo para baptisarem os seu filhos. Como se pode ver na imagem abaixo (que recortei do meu ficheiro dos baptismos da nossa paróquia), houve apenas uma meia dúzia de vezes que isso aconteceu. Quatro vezes no século XVII, uma no século XVIII e outra no século XIX. Ou seja, conforme a aldeia foi crescendo e ficando mais moderna, perdeu a ligação ao seu padroeiro. Já não me admira que tenham começado a festejar o S. Tiago, um santo com melhor posição na igreja católica.

O último não tem apelido, pois era filho natural de Anna,
talvez fosse Campos que era o apelido do avô materno.

Vim aqui deixar este apontamento por não ter muito mais que dizer a respeito da nossa freguesia. O padre Manel do Salvador contou mais histórias e até publicou um livro, mas teve ao seu dispor todos os documentos que a igreja lhe facultou para reunir as suas informações. Há muita coisa, relacionada com a paróquia, arquivada em Braga a que ele chegou e eu não sei como fazê-lo.

Nos tempos em que Macieira reportava ao vigário de Chorente é que eu gostaria de poder espreitar os arquivos do Arcebispo, de modo a perceber o porquê de Chorente ser tão importante assim, ao ponto de estar acima de Macieira na hierarquia da igreja.

Imagem do primeiro baptismo registado em Chorente

Os registos paroquiais começaram um nadinha antes de Macieira, mas já nesse longínquo ano de 1610 parecia não haver ligação alguma entre as duas freguesias, pois de houvesse isso seria visível nos documentos escritos e assinados pelos respectivos párocos. E como se pode ler na imagem acima, já era um reitor e não um vigário que estava à frente da paróquia de Chorente.

domingo, 24 de novembro de 2024

Bernardino Lopes «O Leça»!

 

Assento de baptismo de Bernardino Lopes 


Hoje, não estou com muita vontade de escrever, por conseguinte voltarei aqui mais tarde para completar esta minha publicação sobre o "poeta popular de Macieira" que ficou famoso pelas suas andanças de terra em terra a fazer versos e cantar ao desafio. Nos grandes serões de verão em que se faziam as desfolhadas, ou a espadelar e o fiar o linho, além das festas e romarias, lá estava ele plantado.

Por aquilo que de disse e escreveu a seu respeito, percebi que ele era mais da borga que do trabalho deixando a sua mulher, assim como a agricultura, abandonadas à sua sorte. A mulher cansou-se dessa vida e regressou a casa dos pais, em Viatodos, as terras que lhes pertenciam devem ter ficado, penso eu, entregues a alguém da família que delas tratou na ausência do dono.

Hoje, tem, na nossa freguesia, uma rua com o seu nome para que fique na memória das gentes da região como uma "pessoa que valia a pena recordar". Abaixo, alguns versos que ele cantou na boda de um amigo.

Adeus João de Penedo
Já que Deus assim o quis
Foste buscar a melhor pomba
Que se criou em Beiriz

Adeus João de Penedo
Trazes a fêmea e dinheiro
Olha se a cama cai
É erro do carpinteiro

Ó minha pombinha branca
Ó ramo de Macieira
Quando deres o voo
Ficarás logo à beira

Ó minha pombinha branca
Salta pró meio da eira
Tu hoje vais dar um voo
De Beiriz a Macieira

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Coisas estranhas!

 

O Baptismo do Matheus!
Há baptismos e baptismos!
Assim como há párocos e párocos!
A Luzia era solteira e teve um filho. Não quis dizer ao padre que o baptizou o nome do pai e assim ficou como filho natural, ou seja, de pai incógnito. Como desculpa disse que o pai era o Manuel que morava no lugar da Idanha, em Chorente.

Dois anos depois, a mãe arrependida, digo eu, confessou ao padre que o verdadeiro pai do seu filho era o Gonçalo (solteiro) filho de João Francisco do Luvar.
Não sei se o padre aceitou aquilo como uma comunicação oficial e não uma confissão, caso em que seria obrigado a manter o segredo, pois deu-se pressa em ir buscar o livro dos baptismos e acrescentar, à margem, quem era mesmo o pai da criança.
Dei uma viste de olhos nos baptismos do Século XVII e não encontrei qualquer Gonçalo filho de João Francisco. Talvez seja alguém que veio de fora morar para o lugar do Luvar, ou então nascido antes de haver registos de baptismo, em Macieira.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A Maria Antonea do Outeiro!

 Há dias, publiquei algo sobre a família Gomes e chamou-me a atenção a história desta senhora que em Outubro de 1652 se casou, sendo viúva e mãe de 4 filhos, com Ambrózio Gomes, de Negreiros com quem teve ainda mais 6 filhos, dois deles gémeos, o João e o António, nascidos em 1667.

Ela tinha tido um filho em Abril, em Maio morre-lhe o marido e em Outubro desse mesmo ano volta a casar e continua a trazer filhos ao mundo aumentando a sua grande família.

Quis saber mais um pouco e fui pesquisar os registos de casamento que encontrei e deixo aqui para quem tiver curiosidade. Ali se pode ver que a noiva era do Outeiro, filha de Manuel António e Izabel Gonçalves, enquanto que o noivo era oriundo da freguesia de Paradella.

Os filhos do primeiro casamento tinham que ir até Paradella visitar os seus avós, enquanto os do segundo faziam uma viagem mais curta, até Negreiros. Ainda deu uma viste de olhos sobre os assentos de óbito para tentar perceber se algum dos filhos faleceu ainda criança, mas não descobri nada, melhor assim!

As cunhadas do Jerónimo!

 No lugar do Outeiro, havia duas mulheres, já velhotas e a viver sozinhas, que se tratavam por cunhadas. Nunca percebi de onde vinha o parentesco nem tive o prazer de conhecer o famoso Jerónimo que tinha tantos familiares (relacionados comigo) a morar no mesmo lugar. Devia ser pessoa importante e sempre tive a maior curiosidade em saber mais a seu respeito, coisa que hoje já consegui. Sem quem eram os seus pais  e quem foram os seus filhos, netos, bisnetos e tetranetos, entre os quais eu me incluo.


Mas, voltando às duas velhotas, a Roza e a Amélia, sempre vestidas de preto e com o cabelo escondido por um lenço negro. Uma delas, devia ser mais gaiteira, pois amarrava o lenço com um nó no alto da cabeça e ficava com as pontas como se fossem duas orelhas de cão. A outra, mais envergonhada, atava-o debaixo do queixo, ou com um nó atrás das orelhas que passava mais despercebido.

Só agora que dei por concluídos os meus estudos acerca dessa família é que percebi o porquê de elas se tratarem por cunhadas. A Roza era irmã do António que casou com a Tia Amélia, o tal que pouco antes de eu nascer bateu as asas para o Brasil e mais ninguém lhe pôs a vista em cima. Dizem as más línguas que arranjou por lá outra mulher e uma caterva de filhos que talvez andem ainda por aqui como imigrantes e sem conhecerem os seus familiares. A Roza nascida em 1889 e ele em 1891 já devem ter ido acertar as contas com o S. Pedro, há muito.

Aliás, posso acrescentar que ela faleceu em Macieira e está sepultada no nosso cemitério, enquanto que ele, tanto pode ter sido enterrado no Brasil, como comido por piranha ou jacaré que abundam por aquelas terras, nunca o saberemos. Se filhos houve e parece que sim, são todos mais novos que eu e podem muito bem viver ainda, só não sei onde.

A Tia Amélia (que era do Jerónimo por causa do marido) criou meia dúzia de filhos com muita dificuldade e tristeza e, honra lhe seja feita, carregou a sua cruz até ao Calvário. A casinha onde ela morava foi construída numa pequena parcela de uma bouça que pertencia ao Loureiro de Gueral que este ofereceu para tirar a família daquela casa, onde mais tarde eu nasci também. O Loureiro devia ter algum plano para a casa, mas com o andar dos tempos ela foi-se degradando e acabou por nunca ter qualquer serventia para a sua família.

Estou convencido que a casa vem da família do Jerónimo, assim como as outras propriedades agrícolas, hoje propriedade dos Loureiros. E que foi por essa razão que, quando se casou, o António ficou a morar ali e para lá levou a Tia Amélia do Leitão, sua mulher. Ali nasceram os seus filhos, pelo menos os mais velhos, como nos contou o Frei Pedro. Acho que não estou enganado se disser que só o David, o Daniel, o Zé e o Armando tiveram filhos. As filhas, Celeste e Francelina, assim como o Frei Pedro, não deixaram descendência.

Há dias, encontrei no Facebook duas filhas do Zé e também um filho do Armando e soube por eles que a família continua a pedalar em direcção à meta, sendo que a mulher do Armando, a Ana de Rates, é viva ainda, notícia que recebi com alguma surpresa, pois ela já era uma mulheraça, quando eu era criança de escola. Longa vida e saúde eu desejo a ela e outros descendentes da Tia Amélia do Jerónimo, minha vizinha do lugar do Outeiro! 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Os Gomes!

Se o teu apelido é Gomes, ficas a saber que é o 13º apelido mais comum, em Portugal, e que existem cerca de 280 mil portugueses com este nome de família.

O que, provavelmente, não sabes é que Gomes significa filho de Gome ou Gomo. Um nome estranho, é certo, mas muito comum na Idade Média. Quer isto dizer que, em tempos medievais, havia muitos Gome ou Gomo.

Gome ou Gomo vem provavelmente do nome visigótico Guma ou Goma ("homem") que são abreviaturas de "Gomoarius" (“homem da guerra”).

Se Gomes significa filho de Guma e se Guma quer dizer “homem”, então Gomes, quer dizer “o filho do homem”.

Quando começaram a ser feitos os «Registos Paroquiais», em Macieira, já existiam Gomes no lugar do Luvar. Anos depois, veio de Negreiros o Tio Ambrózio Gomes casar com a Maria Antónia, viúva que morava no lugar do Outeiro e, a partir daí espalharam-se por toda a freguesia.


 Tentei descobrir a origem dessa viúva do Outeiro, através do «assento de casamento», mas os padres, nesse tempo, não se davam ao trabalho de recolher os dados das pessoas. Da noiva apenas a nota de que era viúva e mais nada. Nem pai, nem mãe, nem idade, se tinha filhos ou não, nada de nada, fiquei a ver navios.


Vou continuar a estudar esta família e sempre que achar de interesse, venho aqui deixar aquilo que conseguir descobrir.


terça-feira, 29 de outubro de 2024

A maior família da nossa terra!

 

Manuel Francisco casou com Maria Domingues e começou a povoar Macieira,
lugar de Modeste, com os seu muitos filhos e netos.

Outro Manuel Francisco, quem sabe se da mesma família de Modeste,
ou vindo de outra freguesia, casou com Maria Gomes e
encheu de Franciscos o lugar do Lubar.

Depois foi o António que se casou com uma menina da família
Araújo e foi viver para o Outeiro contribuindo com um bom
número de filhos para manter vivo o seu apelido.

E por último, o José que se casou com M. F. de Azevedo e encheu
de Franciscos o lugar do Padrão. E do Padrão voltaram para o
lugar do Outeiro, na figura do Tio Salvador, o qual se desligou
do apelido Francisco e apelidou os seus filhos, 3 deles padres,
de Ferreira de Araújo.

sábado, 26 de outubro de 2024

A toponímia de Macieira!

 


Agora, é moda dar nomes de rua a todos os largos, caminhos, travessas e becos que há na freguesia, enquanto que antigamente só havia lugares e até esses pouco divulgados. Digo isto, porque nos assentos de baptismo, casamento ou óbito aparecem lugares que só existiram na cabeça do pároco, quando escreveu essa notícia nos seus livros.

De qualquer modo e para ajudar algum leitor mais interessado nestas coisas, deixo aqui uma imagem actual, feita pela Google, onde é possível ver alguns dos nomes que venho mencionando neste blog. Alguns lugares foram fundidos com outros e apareceram alguns novos também, Outil é um desses. O lugar da igreja mudou, pois referia-se à igreja velha (por curiosidade, situava-se mesmo no lugar onde aparece o nome na imagem acima), quando a nova foi inaugurada já aquilo era o Outeirinho, como ainda é hoje.

A Cumieira e a Gandarinha eram os lugares mais pobres da freguesia, em nenhum desses lugares havia lavradores, os considerados mais ricos, mas apenas aqueles que os serviam e mal ganhavam para comer. O lugar da Cruz que aparece em alguns documentos, só pode referir-se ao lugar onde foi levantado o cruzeiro de pedra com o Cristo crucificado. E com o tempo passou a ser apelido de alguém que ali morou.

Os mais populosos lugares de Macieira eram: Outeiro, Penedo, Rio e Modeste. Com o tempo e as alterações introduzidas o Outeirinho passou a fazer parte dos grandes também. E lugares com apenas uma, no máximo duas, famílias também havia, em Macieira, é o caso da Fareleira ou Retorta. Agra, nome que encontrei em alguns documentos, acho que nunca existiu, embora no cemitério (da Agra) repousem mais restos mortais do que habitantes tem, actualmente, Macieira.

E por aqui me fico!

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Século XVII - Origem dos noivos!

 Em continuação da publicação anterior, apenas a título de curiosidade, publico a lista dos noivos de fora da freguesia que vieram casar a Macieira. Se eles ficaram a viver na nossa freguesia ou levaram a "nossa" noiva para viver na freguesia deles é coisa que não sei. Se eles tiveram filhos poderia verificar isso nos registos de baptismo, mas no caso contrário, desapareceram para sempre do meu controlo.

Neste século aparece gente de Gondifelos e Grimancelos e nenhuma de Negreiros que é a freguesia mais próxima da nossa. Mas aparecerão no século seguinte com forte ligação ao lugar do Rio e Xisto, onde passaram a existir familiares de um e outro lado da fronteira entre as nossas duas freguesias. A família Leitão, do Rio, é um exemplo.




Os (muitos) Franciscos!

 


O apelido de Francisco (que não o nome próprio) apareceu na lugar da Igreja, em 1638. Poderia até ser mais antigo, mas como não havia ainda registos nunca descobriremos quando apareceu pela primeira vez. O costume, à época, era acrescentar o nome do pai (nome de baptismo, pois apelido ninguém tinha ainda, ou era muito raro) ao nome do filho, portanto daí de depreende que foi um Francisco que deu origem a esta epidemia de Franciscos que invadiu Macieira e as freguesias vizinhas.

Na lista acima, podem ver o nome de cada casal e a data em que registaram o primeiro filho. Os lugares da Igreja, Paço, Luvar e Picoto eram relativamente próximos e essa deve ser a génese dessa família. Todos seriam irmãos ou primos uns dos outros. Em 1651 chegou a Travassos e em 1660 ao Outeiro, em 1661 à Aldeia e a Penedo. Em 1655 a Modeste e em 1662 ao lugar do Formigal. Ao lugar do Rio só chegou em 1669.

A páginas tantas, eram tantos os Franciscos que o vigário, ou reitor, ou pároco da freguesia se viu às aranhas para identificar as pessoas, nos registos de baptismo, casamento ou óbito que ia escrevinhando por ordem do arcebispo de Braga. E assim começou a juntar ao nome do indivíduo o nome do lugar e ainda alcunhas. E se havia pais e filhos a aparecerem nos registos, na mesma época, acrescentava-lhe a palavra "novo" ou "velho", conforme se tratasse de um ou do outro.

Em última análise teria que ser o nome da mãe, da mulher ou da viúva a descodificar aquela embrulhada de Franciscos. Eu que copiei os registos todos de A a Z, vi-me grego para descodificar o problema e não prometo que não tenha cometido erros, aqui e ali. Mas como vejo que ninguém usa isto, seja para o que for, daí não virá mal ao mundo.

Abaixo, podem ainda ver algumas imagens, retiradas dos meus registos dos casamentos realizados em Macieira, e que mostram noivos e noivas vindos de outras freguesias, tais como Rates, Courel, Gueral, Pedra Furada, Paradela, Balazar, Laundos, Chorente e Gondifelos. Era um nunca mais acabar de Franciscos!





terça-feira, 22 de outubro de 2024

Os irmãos da Tia Rosa!

 


Não admira que eu não me lembre dos irmãos da tia Rosa. Quatro deles morreram ainda crianças de tenra idade. Não sei se isso foi devido a alguma herança genética, alguma peste que grassasse naquela data, ou a falta de cuidado dos pais. Pais que lutavam com os mais diversos problemas, começando pela falta de meios para se sustentar e dar às crianças uma alimentação ajustada à sua idade. Foi naquele tempo em que a mãe tinha leite ou não e se não tinha ... pobre da criança!

Eu bem sabia que ao estudar os registos de óbito haveria de descobrir coisas interessantes. Neste caso particular, como se tratava da família de Jerónimo Ferreira, meu ilustre antepassado, não poderia passar sem o mencionar aqui. O pai destas crianças era bisneto dessa personagem e primo da minha bisavó Eusébia.

Passando em revista todos os nomes, em ordem cronológica, verificamos o seguinte:

A Maria morreu com 7 anos de idade.
A Carolina foi a única de quem não descobri o rasto, deve ter casado e mudado de freguesia.
A Rosa morreu velhinha e está sepultada em Macieira.
O António casou com a Tia Amélia, teve 7 filhos e depois emigrou para o Brasil e lá morreu.
O Manuel, gémeo do António, morreu com 1 ano de idade.
O David casou no Outeiro, com a Maria do Velho e teve muitos filhos e netos.
A Rita também morreu em criança com 3 anos de idade.
A Diamantina, tia e sogra do Armando, morava em Rates e vinha ao Outeiro com frequência.
O João morreu também em criança com 2 anos de idade.

E pronto, fica aqui o registo para quem quiser ler. Talvez algum dos «Velhos» que ainda vivem em Macieira passe por aqui e fique contente por saber coisas ligadas à sua família.

P.S. - Soube ontem uma notícia que gostaria bem de confirmar. O emigrante brasileiro parece ter casado novamente, lá pelas terras de Vera Cruz, e trazido ao mundo mais 8 filhos, além dos 7 que deixou cá. São contas que só a ele dizem respeito e que o S. Pedro deve ter acertado com ele, quando lá chegou acima!

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Ainda «Os Velhos»!

 

Está mais que provado que os «velhos» são os descendentes de um Araújo do Outeiro e da Margarida do Padrão, esta descendente dos «franciscos», do lugar do Padrão que, à falta de melhor, adoptaram o nome do lugar como apelido. De um Francisco nasceu um José que ficou a chamar-se José Francisco que foi o dono da «Casa do Padrão», no lugar do mesmo nome. A páginas tantas, eram tantos os Franciscos, em Macieira, que o reitor adicionou o lugar ao nome do indivíduo, de modo a evitar erros, pois Franciscos havia em todos, ou quase, lugares de Macieira.

E assim nasceu o Joze Francisco do Padrão que era o avô materno dos 7 «velhos» que podem ver na lista acima. A Maria que casou com o David do Jerónimo, o António, a Cândida, o José e o Salvador constituíam o clan dos velhos, mas só os filhos da Maria e do António mantiveram essa alcunha. Os outros passaram a ser «do Alves», «do Salvador», etc.

E talvez porque o «Manel do Velho» se tornou o mais conhecido dos Velhos, hoje só os seus filhos, e netos da Maria do Velho, carregam essa alcunha, porque nome não é, para a posteridade. Como a Júlia que me disse, no dia em que a conheci, sou Velha desde que nasci.

sábado, 19 de outubro de 2024

Os vigários, os reitores e os párocos!

 Não sei se haverá alguém que dê valor a isso, mas dei-me ao trabalho de folhear os livros para vos trazer aqui os nomes dos vários padres que paroquiaram Macieira, desde 1634 a 1911.

Francisco Villasboas ---------------- 1634 a 1655 - Sepultado em 27/12/1655
Francisco Coelho -------------------- 1655 a 1693 - Sepultado em 27/07/1697
João Francisco ----------------------- 1693 a 1697 - Sepultado em 01/08/1711
Bento Alvares ------------------------ 1697 a 1749 - Sepultado em 26/11/1750
Manuel Gomes de Sousa ----------- 1749 a 1799 - Sepultado em 04/03/1801
Vários (provisórios) ----------------- 1799 a 1806
José Joaquim Soares da Costa ----- 1806 a 1842 - Sepultado em 19/03/1842
Severino de Oliveira Lima --------- 1842 a 1879 - Sepultado em 07/09/1879
Manuel F. Sousa Campos ----------- 1879 a 1882
António J. Ferreira ------------------- 1882 a 1889
Manuel Lopes da Costa ------------- 1889 a 1907
Joaquim Gonçalves Dias ------------ 1907 a ????

Aqueles onde aparece a data em que foram sepultados significa que o foram no nosso cemitério e nenhum deles no novo cemitério da Agra. O Padre Severino foi ainda sepultado dentro da igreja velha, no lugar do Padrão.

E isso traz-me à memória uma história que a minha madrinha de baptismo me contava. O pai dela casou em Macieira (não tenho a certeza, mas acho que veio de Gilmonde) e comprou o terreno, agora vago, onde ficava a igreja velha, cuja pedra tinha sido levada para o Outeirinho para levantar as paredes da nova igreja.

Ao escavarem a terra para fazer os alicerces da casa começaram a surgir ossos, quanto mais cavavam mais ossos surgiam da terra. Tão religiosa que era a família da minha madrinha (Clementina) que imagino se dirigiram ao pároco da freguesia, talvez o Padre Joaquim Gonçalves Dias, mencionado acima, perguntando o que fazer com os ossos.

E ele talvez tenha recomendado que os depositassem no novo cemitério, numa cova aberta para o efeito. Digo talvez, porque não sei o que, na prática, se passou.

E pronto, fica aqui este meu contributo para a História de Macieira!

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Macieira e Chorente!

A paróquia de Santo Adrião de Macieira de Rates era vigararia da apresentação do reitor de Chorente. Pertenceu à Comenda de Chorente e, mais tarde, passou a reitoria. Pertence ao concelho de Barcelos. É paróquia da diocese de Braga.

A paróquia de São Miguel de Chorente foi, segundo o Padre Carvalho, reitoria da apresentação do ordinário e Comenda da Ordem de Cristo. Segundo a Estatística Paroquial, foi da apresentação do padroado real no termo de Barcelos. Segundo Teotónio da Fonseca, foi reitoria da apresentação do Papa e do Arcebispo de Braga e Comenda da Ordem de Cristo. É referenciada em 1878 como pertencendo ao Julgado de Barcelos. Pertence ao concelho de Barcelos. É paróquia da diocese de Braga.

Para o bem e para o mal, a nossa freguesia está ligada a Chorente, desde há muitos anos. Na primeira metade do século XVII, quando começaram a ser feitos os Registos Paroquiais, não sei se Macieira já tinha um reitor, um vigário ou um pároco, como no tempo em que eu nasci, mas já era e funcionava com autonomia, fiscalizada (se me é permitido usar este termo) pelo Arcebispo de Braga


O Padre Francisco Villasboas que assina os primeiros registos, a começar em 1634, não usava qualquer título, como se pode ver na assinatura que recortei de um desses registos (imagem acima). Mas alguns dos que se seguiram usaram os títulos de "reitor", de "vigário" e mais tarde de "pároco". Este último resistiu até eu vir a este mundo, quando era pároco de Macieira o Rev. Padre Marques.

O rio Codade, ou ribeira de Macieira, como lhe queiram chamar, vem de Goios, atravessa Chorente e estabelece a fronteira entre Gueral e Macieira, durante um pequeno trecho. Nesse ponto em que as 3 freguesias se encontram, Chorente, Gueral e Macieira, é o lugar da Baralha. No inverno, quando havia grandes cheias que vinham quase até perto da Fonte do Outeiro, era impossível passar na Baralha, pois a água dava pela cintura de um homem adulto que não fosse anão.

A ligação entre as igrejas de Chorente e Macieira fazia-se pelo Monte do Adro, onde, segundo a voz do povo, se diz que existiu a primeira igreja da nossa freguesia e que estaria sob a vigilância da de Chorente que atravessando a Baralha, ficava a menos de dois quilómetros, do lado nordeste. Visto dessa maneira é fácil perceber a razão de a nossa freguesia e a de Chorente estarem ligadas, só não descobri a razão de ser Chorente a controlar Macieira e não o contrário.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Os abades de Macieira!

 Na doutrina ensinavam as crianças a fazer o «Pelo Sinal»  e a rezar a Avé Maria, a Santa Maria e o Pai Nosso. Outras coisas seriam ensinadas mais tarde, conforme a idade e a compreensão fossem crescendo no cérebro da criança. Mas era, talvez, a primeira coisa que os meninos e meninas aprendiam a dizer - Sabença Senhor abade!

Sabença era nem mais nem menos que "a sua bênção", mas ficava mais fácil aglutinar as palavras dessa maneira. O meu único abade foi o Pe Manuel Martins Marques, não conheci outro e desaprendi essa coisa de pedir a bênção. Nem ao pai ou à mãe o fazia e fui ensinado a fazê-lo todos os dias, antes de ir para a cana.

Ando a tentar decifrar os Registos Paroquiais de Macieira e espero um dia ser capaz de vos dizer o nome de todos os párocos que passaram pela nossa freguesia. Mas, nesta altura, só sei o nome do primeiro que se chamava Francisco Villas Boas e pouco mais. Com o fim da Monarquia acabaram também os Registos Paroquiais e o Registo Civil que passou a ter a responsabilidade de nos acompanhar, desde o dia em que nascemos até ao registo da nossa passagem para o outro mundo, tornou-se numa coisa inacessível ao comum dos mortais. Só pagando uns tostões se podia lá ir buscar qualquer informação.

O Pe Portela ficou-me na memória por ter sido ele a casar os meus pais e baptisar as minhas irmãs mais velhas. Além dele só me ficou na memória o Pe Bento Alvares, porque era um familiar antigo e o Pe Lima que foi o arquiteto da igreja que ainda hoje á a matriz de Macieira. Morreu antes da sua inauguração, mas isso não apaga o nome dele da história da nossa freguesia.

A famosa mesa dos 4 abades

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Os Álvares!

 Não consegui estabelecer com certeza, mas quero crer que o casal Bento Alvares e Izabel Antónia que deram vida a Maria Alvares, em Pedra Furada (como se pode ver no documento abaixo) são: ele de Goios e ela de Pedra Furada. Mais tarde, tentarei encontrar o assento do seu casamento e se as coisas não são assim, farei a necessária rectificação.

Esta Maria é, nem mais nem menos que a mãe de Maria Alvares da Silva que foi para o lugar do Outeiro, de Macieira, depois de se ter casado com o meu avô Jerónimo. Interessa-me guardar aqui estes documentos para não andar sempre deles. Como afirmei acima, a lógica leva-me a crer que o Bento era de Goios, a sua filha Maria casou e foi viver para Goios - berço dos Alvares - onde nasceu a sua filha (também chamada) Maria que trouxe o nome para Macieira e para a minha família.



Fica aqui um diagrama que eu próprio desenhei, explicando as origens desta família, coisa que me deu um trabalhão a conseguir, pois alguns registos são pouco menos que ilegíveis. Só com muita paciência e, por vezes com a ajuda de uma lupa para os conseguir decifrar.

Se passar por aqui algum "entendido" em Genealogia e quiser ajudar-me a perceber isto, peço que me contacte por e.mail para trocarmos impressões.

Para melhor ver e ler o que aparece nas imagens basta clicar sobre elas.



P.S. - Voltei aqui para deixar este documento que, acho eu, ajuda a perceber a história dos Alvares.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

P.e Bento Álvares!

 Foi pároco de Macieira, durante um longo período, na primeira metade do Século XVIII. Tinha uma caligrafia mais legível que muitos outros párocos que passaram por Macieira, mas era muito preguiçoso na recolha de dados para fazer um bom registo, especialmente, nos de óbito.

Menciona o nome do falecido, esquece-se do estado, não faz qualquer referência aos menores de idade, mas perde muito "Latim" a mencionar os sacramentos que ofereceu ao morto e, em especial, se fez ou não testamento. Imagino que eram instruções específicas do bispo de Braga. No primeiro caso para provar ao povo a sua dedicação aos falecidos, preparando-lhe o caminho para conseguirem um bom lugar na outra vida. No segundo caso, para o bispo saber se a Igreja, ou o pároco, em nome próprio, beneficiou algo com o falecimento do paroquiano em questão.

Havia um superior hierárquico que visitava as paróquias uma vez por ano e reportava ao bispo o modo como eram feitos os registos e deixava aos párocos instruções precisas para corrigir alguma situação com que não concordavam ou tinha sido esquecida. Admiro-me de ainda não ter esbarrado em qualquer recado desse tipo deixado ao Padre Bento Álvares.

Outra coisa que eu gostava de descobrir era a sua filiação. Os Álvares mais modernos vieram de Santa Maria de Góios, mas ele já era adulto, no princípio do século e nessa altura já havia esse apelido na nossa freguesia, aliás, havia um Bento Álvares casado e pai de filhos, numa freguesia vizinha. Já tenho pensado se este não seria filho daquele! 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Os «Ferreira»!

 Há quem garanta que o apelido Ferreira vem de uma mulher - no tempo em que os apelidos provinham mais das mães que dos pais - que era ferreira de profissão, ou então casada com um ferreiro. Os párocos da freguesias da Diocese de Braga eram grandes inventores de apelidos. A mulher ou filhas de um Leitão passavam a ser Leitoas e não me custa acreditar que a mulher do ferreiro passou a agregar ao seu nome de baptismo o apelido de Ferreira. E está tudo dito!

Tanto quanto consegui recuar no tempo, o apelido de Ferreira entrou em Macieira vindo de Negreiros. No meu caso particular, o Ferreira foi para Gueral, família da Ribeira, e daí veio para o lugar do Outeiro, pelo casamento com uma rapariga da família Araújo.

No século VII, quando começaram a ser feitos os registos de baptismo, Havia Ferreiras no lugar do Paço, no Luvar e também no Formigal. O Domingos Ferreira, do Luvar, já era filho de macieirensses, dos outros nada sei.

Nos primeiros anos do Século VIII, já tinham também entrado nos lugares de Travassos, Outeiro, Rio, Retorta e Talho. Aí apareceu, pela primeira vez, o nome de Manuel Ferreira, casado com a Rozália de Araújo que foi pai do famoso Jerónimo que ainda hoje é mencionado em Macieira.

Uns anos mais, ainda no Século VIII, e já o apelido tinha tomado conta do lugar da Igreja, ou Assento, pois o casal Manuel e Maria Antónia aparece nos dois lugares. Podem ter mudado de residência, ou tratar-se de um lapso do pároco, pois os dois lugares eram contíguos. Quem desce pela rua onde se situava a igreja velha, o lugar da igreja agrupava as casas que ficavam a norte da igreja, e as do lado sul ficavam no lugar do Assento (antes dito Padrão).

E os Ferreiras sempre a crescer e a espalhar-se por toda a freguesia!!!

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Grande desgosto!

Quando eu era um rapaz em idade de frequentar a Escola Primária, veio morar para o lugar do Outeiro a família de um cantoneiro que, suponho eu, tinha a seu cargo a estrada que vinha das Fontaínhas e ia até Barcelos. Dele não recordo nada, mas a sua mulher, a Teresa Cantoneira, ficou-me na memória por várias razões, uma delas a morte de 3 filhas, levadas pela tuberculose, no prazo de uma semana.

Lembrei-me disso ao conferir os óbitos do ano da graça de mil oitocentos e quarenta e oito. Também nesse ano, entre o Natal e o Ano Novo, no lugar do Picoto, faleceram 3 crianças de tenra idade. Imagino o tipo de festa de Natal que teve nesse longínquo ano de 1848, a família do Sr. António Francisco e sua mulher Bernarda.

Ainda me falta conferir os anos de 1845, 1846 e 1847 e pode acontecer que o Manuel, nascido em 1843, tenha também sucumbido à mesma doença que levou os seus irmãos. Não faço a mínima ideia de qual doença se tratou, mas nesse tempo qualquer doença era um grave problema, pois não havia penicilina nem antibióticos, como há actualmente. Febres e gripes de vários tipos apareciam e faziam uma razia entre a população que vivia em piores condições sanitárias.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

O Homem dos piões!

 António Joze Vieira foi uma das pessoas que melhor conheci, em Macieira. Em primeiro lugar por morar mesmo em frente da Escola Primária que eu frequentei de 1951 a 1955, era só descer as escadinhas da escola e já estávamos a entrar pela sua loja adentro. Em segundo lugar, porque era ele que fornecia os piões aos rapazes de Macieira, às raparigas não que elas só jogavam à Macaca, e quando começava a «época do pião» quem não tinha tinha que ir lá comprar um.

Mas o que me fez vir aqui falar dele não foram os piões, mas sim os seus filhos que teimavam em morrer um atrás do outro, sabe Deus porquê. Ele era casado com Luiza Cândida da Silva e um deles devia sofrer de qualquer deficiência orgânica para os filhos não vingarem. E também podia ser por outa razão qualquer, no início do Século XX, a que me reporto, houve grandes febres que dizimaram a população, como o Tifo, por exemplo.

No estudo que estou a fazer aparecem, de 1902 a 1909, 4 filhos menores falecidos antes de chegarem à idade escolar. Não sei se o pai ou a mãe teimava em dar o mesmo nome a um filho que nascia, depois de lhe ter morrido outro com o mesmo nome. Assim morreu o Domingos e logo veio outro para o seu lugar e que acabou por morrer também, o mesmo acontecendo com a Maria Beatriz que teve outra seguidora.

Faço ideia da dor que sofreram esses pais, a viver ali mesmo ao lado da igreja nova de Macieira, inaugurada na última década do Século XIX, e a ter que ir lá velar os seus filhinhos, um atrás do outro. Em primeiro lugar foi a Maria Beatriz, nascida em 1 de Abril e falecida 2 dias antes do Natal desse mesmo ano. Depois foram os dois Domingos, um com dois e o outro com três anos. E para fechar as contas o Manuel que nasceu em 1903 e faleceu no último mês do ano de 1909.

E não posso garantir que a coisa tenha ficado por aqui, pois a partir de 1909 os registos começaram a ser muito incertos, até desaparecerem por completo depois da Implantação da República, em 1910. Deve ter havido pessoas que só normalizaram a sua situação depois de terem pedido o «Bilhete de Identidade», pois até aí não tinham sido registadas.

 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Os primeiros!

 Actualmente, ando entretido a copiar os assentos de óbitos da minha freguesia. Por vezes não se sabe nada de uma pessoa, durante toda a sua vida, e ao darmos com o assento do seu óbito muita coisa é esclarecida. Se casou e com quem, se morreu jovem ou chegou à velhice, se morreu de repente ou ficou demente, se teve filhos e deixou testamento, etc. e no final da vida se teve alguém que gastasse dinheiro em padres e ofícios para ganhar o direito ao céu.

Como é pelo princípio que se deve começar, deixo aqui a primeira página do «Título dos defuntos», nome com que foi baptizado este livro.

Poucas freguesias começaram os registos paroquiais antes de Macieira, são raras, mas já encontrei algumas. A nossa, como se pode ver na imagem acima, começou em 1632.

O pároco que deu início à coisa foi o Pe. Francisco Villas Boas, como se depreende da assinatura que abre o livro. E o primeiro defunto a ter a honra de aparecer aqui foi um parente meu, por nome Maria Álvares, cujo assento de óbito deixo aqui também.

Ela morava no Outeiro, onde eu também morei, muitos anos depois, já a meio do Século XX. Faleceu, ou foi enterrada, no dia 27 de Dezembro de 1634, o que quer dizer que o tal livro teve início em 1632, mas teve que esperar dois anos pelo primeiro "cliente".

E pouco mais se entende da algaraviada que o pároco Francisco escreveu, além de mencionar o ofício com muitos padres que era o que interessava ao Sr. Arcebispo para provar que o seu mister de espalhar a religião na sua zona de influência ia de vento em popa!

domingo, 15 de setembro de 2024

Um Natal triste!

 


Uma família que tinha tudo para ser feliz, pai, mãe e 9 filhos que, a esta distância no tempo, não podemos saber se eram saudáveis ou se padeciam de alguma doença grave que pusesse em risco as suas vidas, e que, assim sem mais nem menos se vê perante uma enorme tragédia.

Na noite de consoada do ano de 1886, morre o seu filho João, nascido no ano anterior, como se pode confirmar lendo os dados da imagem acima.

Seis dias depois, ainda antes de terminar esse fatídico ano, morre também o seu filho Manuel, este já com mais de 4 anos de idade.

E mal se entrou no Ano Novo de 1887, morre a sua filha Maria, antes ainda de comemorar o seu 4º aniversário.

Que epidemia teria assaltado aquela casa de família, Santos de Penedo, para lhe levar 3 filhos em menos de 10 dias e transformar um período de festas numa tristeza tão grande que tenho a certeza não esqueceram até ao dia em que partiram deste mundo.

O nome da mãe, Felicidade, parecia augurar tudo de bom para essa família, mas, como diz o ditado antigo, o homem põe e Deus dispõe e o nome só trouxe tristeza à família, em vez da almejada felicidade.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

O nosso tempo!

 


Não, não é de meteorologia que se trata, mas sim do tempo que medeia entre a nossa vinda a este mundo e a partida que está escrita no livro do nosso destino, a que, por sorte ou azar, não temos acesso.

Cada um de nós faz o que quer com esse tempo. Bem, deixem-me corrigir esta afirmação que está mal formulada. Uns são escravos do tempo e fazem aquilo que podem e quando podem, enquanto que outros podem fazer o que lhes der na real gana, pois nada há que os impeça. Felizmente, até hoje, é esse o meu caso.

Passei meses a copiar os assentos de baptismo e casamento do povo da minha terra, para saber de onde vim e quem foram os meus antepassados, o que consegui, mas nunca dei grande importância aos óbitos, pois depois de morto nada mais interessa. Mas estava, redondamente, enganado, pois há casos em que não se conseguem encontrar pistas de algumas pessoas, pela simples razão de terem morrido pouco depois de nascer.

Por isso, voltei ao assunto e estou a copiar os assentos de óbito. Comecei pelo fim e vou andando para trás, no tempo, de modo a encontrar respostas para os casos mais recentes, ou seja, daqueles que foram meus contemporâneos. Já estou a trabalhar no ano de 1906 e, em breve, entrarei pelo século XIX adentro.

Depois vos trarei aqui algumas curiosidades, uma das quais é o grande número de crianças falecidas em Macieira, nos princípios do século XX, assim como gente nova que não chegou aos 30 anos de vida. A estudar o passado entende-se melhor o presente!

domingo, 25 de agosto de 2024

Rua das Correias!

 Há dias, encontrei-me com o J. Novais (ex-presidente da JF) e perguntei-lhe se conhecia a razão de terem dado o nome de Rua das Correias à rua onde morava o avô do Amaro que eu visitei muitas vezes no regresso da escola. A resposta veio com um sorriso de vaidade, dizendo que foi ele o inventor de todos os topónimos da freguesia, quando esteve na JF e a Rua das Correias, porque morava lá uma velhota chamada Anna Correia da Silva, a última resistente que era, nem mais nem menos a avó do Amaro.

Nascida em 1880, filha de José Correia da Silva (apelido vindo de Arcos, alguns anos antes), do lugar do Rio, casou com o avô do Amaro, em 1906, vindo a falecer, em Dezembro de 1961, data em que eu já morava em Touguinha, freguesia do concelho de Vila do Conde.

Por qualquer razão ficou mais conhecida a avó que o avô do Amaro, dando o nome à rua, onde viveu até a morte a levar. No entanto, o lugar do Formigal, a que a rua pertence, era uma espécie de feudo da família Mattos, desde que esse apelido viera de Rates. Seria por isso mais lógico que a rua tivesse recebido o nome do avô e não o da avó do meu amigo Amaro.

Uma vez que não tenho acesso aos registos posteriores a 1910, não sei quantos filhos teve este casal. Há dois que nasceram antes da queda da Monarquia, a Clara e o António (pai do Amaro), mas podem ter nascido mais algumas filhas que sobreviveram à mãe, povoando essa tal rua até aos fins do século XX. E talvez fossem essas "Correias" que o Eng. Novais conheceu e o levaram a baptisar a rua em sua homenagem.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Ainda o nome Macieira!

 

Já publiquei vários documentos a respeito da família Macieira, oriunda da família Martins de Modeste, mas neste é mais fácil perceber a evolução.

Do Manuel Martins nasceu Bernardina, da Bernardina nasceu Manuel, do Manuel nasceu Paulino e deste nasceu António que é o último membro da família Macieira nascido no tempo da Monarquia e dos Registos Paroquiais a que tenho acesso na internet.

O Luis, irmão de Paulino, também casou em Macieira e teve vários filhos, mas decidi excluí-lo desta imagem, uma vez que andava apenas à procura dos ascendentes  da Casa do Paulino de Modeste. O actual dono dessa casa pode ser um filho, ou talvez um neto, do António, nascido em 1910.