terça-feira, 26 de setembro de 2017

Macieira na internet!

Em Macieira de Rates, já se sabe quem vai ganhar as eleições

26 set, 2017 - 15:00

Esta localidade de Barcelos, com 2.083 habitantes, é uma das 253 freguesias portuguesas onde só há uma lista na corrida autárquica.
A abstenção vai subir, mas vai ser o meu combate daqui até último dia de campanha", promete José Padrão.


"Andas aqui para quê? Tu não precisas". É o que ouve José Padrão, na primeira casa que visita na campanha eleitoral porta-a-porta que anda a fazer na freguesia em que se recandidata a presidente da Junta. Para as eleições de 1 de Outubro, não tem adversários: só há uma lista a concorrer à Assembleia de Freguesia de Macieira de Rates.
Esta localidade de Barcelos, com 2.083 habitantes, é uma das 253 freguesias portuguesas onde só há uma lista na corrida autárquica. A campanha eleitoral da candidatura única faz-se sem "outdoors" e sem "obras de véspera".
"De Maio para cá", não se fizeram obras "de vulto" na freguesia. José Padrão, 38 anos, confessa que, quando soube que não ia ter oponentes, mudou a estratégia de campanha. "Não vou fazer um investimento avultado em 'outdoors' e estruturas", assume. Se houver cartazes nas ruas, só mesmo para apoiar o candidato à Câmara Municipal.
Não há cartazes, mas há campanha. O candidato pela coligação PSD/CDS vai "correr a freguesia toda", "por respeito e consideração a todos os habitantes". Há uma dose de campanha diária depois das 18h00, para apanhar mais gente em casa. Bate ao portão, toca à campainha ou, quando não há, grita pelo nome. Aos que não estão em casa, deixa-se na caixa do correio uma caneta, uns panfletos da coligação "Mais Barcelos", umas moedas de plástico para pôr no carrinho de compras.
O "compasso", como lhe chama um dos elementos da lista, Armindo, continua. Há mais gente para "beijar a cruz". Ao portão vem um homem receber de bom grado a visita dos três políticos, mas está confuso: "Vejo aí os cartazes e não há oposição". "É porque eles [a oposição] acham que está tudo bem", responde o presidente da junta.
José Padrão fala num "voto de confiança" que foi dado à sua equipa. "Considero que as pessoas que não se reviam no nosso projecto, agora, confiam. Deram-nos esse crédito e ficamos sozinhos a concorrer à junta". Para além da requalificação da ponte do Verdeal e do campo de futebol da terra, o que mais orgulha este autarca é mesmo a união que diz ter conseguido criar nesta freguesia.
"Eu penso que uni um bocadinho mais a freguesia e as pessoas pacificaram a forma como olham para a política da freguesia". É esta a primeira vez que Macieira só tem uma lista a concorrer à Assembleia de Freguesia, segundo José Padrão. Agrada-lhe que a democracia multipartidária funcione, mas a sua experiência na Junta desde 2005 ensinou-lhe que "quando há mais que uma lista, infelizmente, as pessoas entram por caminhos de ataques pessoais e calúnias".
Ao balcão do café, ao lado do edifício da Junta de Freguesia, não causa estranheza que haja um única lista. Afinal, Macieira é um bastião social-democrata. "Foi sempre PSD, por aqui, com maioria. Agora, continua PSD e está tudo sempre bem, temos boas obras aqui feitas", afirma Bernardo Campos, proprietário do Café Confiança.
 
"O sossego é bom, mas..."


Ao balcão do café, ao lado do edifício da Junta de Freguesia, não causa estranheza que haja um única lista. Afinal, Macieira é um bastião social-democrata. "Foi sempre PSD, por aqui, com maioria. Agora, continua PSD e está tudo sempre bem, temos boas obras aqui feitas", afirma Bernardo Campos, proprietário do Café Confiança.

Não há conflitos em Macieira de Rates
Ao balcão, lembra-se de Francisco Sá Carneiro e de Camilo Castelo Branco, homens com ligações à região. Enquanto termina um copo de vinho, Joaquim Carvalho lembra o antigo presidente da Junta, que esteve no poder 32 anos. José Novais é o actual líder da concelhia do PSD e é recordado por Joaquim como a pessoa que "montou aqui a Cruz Vermelha", "o posto médico" e "criou aqui muita coisa".
O dono do café não é de Macieira de Rates, mas está na freguesia há 30 anos. Acha que a população se "sente bem" e "não há conflitos de campanhas uns contra os outros". Joaquim Carvalho arrisca mesmo dizer que "agora, nem oposição há, toda a gente está contente".
Campos, como é chamado pelos clientes, gosta do pacifismo na freguesia, mas também não o incomodava um pouco de oposição. "O sossego é bom, mas haver um bocado de braveza também é bom", sentencia o proprietário do Café Confiança.
A agricultura e a produção de leite são as actividades económicas fortes da aldeia. É com um produtor que continua a campanha. "Quer ajuda?", brinca José Padrão com o agricultor. O presidente da Junta é que precisa de ajuda na sua difícil tarefa de manter a abstenção no nível da última eleição (23%), quando foi eleito presidente pela primeira vez.
Por este eleitor, a abstenção não sobe, mas o seu filho "nunca votou". José Padrão promete falar com ele para lhe mudar de ideias: "Eu, se o vir, falo com ele. No Facebook, até é mais fácil apanhá-lo".
José Padrão precisa de que as pessoas vão às urnas para legitimar democraticamente o seu mandato. E para que votem no candidato à Câmara, que apoia. "A abstenção vai subir, mas vai ser o meu combate daqui até último dia de campanha", promete.