sexta-feira, 15 de abril de 2022

Batendo na mesma tecla!

 


Ainda estudando o caso para tentar entender a História. Gomes e Araújo foram duas famílias dominantes no lugar do Outeiro. Este casal, retratado na imagem acima, foi morar para Penedo, talvez por ser a morada da noiva, mas os seus descendentes voltariam ao Outeiro, como se pode ler na minhas publicações anteriores.

Assento de casamento

 

Aos dezasseis dias do mês de Fevereiro o ano de mil oitocentos e oitenta e quatro, nesta igreja parochial de Santo Adrião de Macieira de Rates, concelho de Barcelos, diocese de Braga, na minha presença apresentaram-se os nubentes ANTÓNIO GOMES DE ARAÚJO e ANNA RITA SOARES, os quais sei serem os próprios, com todos os papéis do estilo corrente e sem impedimento algum, canónico ou civil, para o casamento e com dispensa das três palavras de estilo concedidas pelo  senhor Arcebispo de Braga. Ele da idade de trinta e três anos, solteiro, natural desta freguesia, baptizado e morador na mesma, filho legítimo de José Gomes de Araújo e de Thereza Antónia naturais desta freguesia e ela da idade de trinta e um anos, solteira, costureira, natural desta freguesia e moradora na mesma, filha legítima de Manuel Luiz Gomes, da freguesia de Formariz, concelho de Coura, diocese de Braga e de Anna Maria Soares, da freguesia de Santo André de Barcelinhos, do concelho de Barcelos e diocese de Braga. Os quais nubentes se receberam por marido e mulher e os uni em matrimónio, procedendo em todo este acto conforme o Rito da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. Foram testemunhas presentes Manuel Joaquim da Costa, casado, e Domingos Joaquim da Costa, solteiro, ambos lavradores e naturais desta mesma freguesia e moradores no lugar de Penedo, os quais sei serem os próprios. E para constar lavrei em duplicado este assento que depois de lido e conferido perante os cônjuges e as testemunhas com todos assigno. Era ut supra.

 

O Párocho – Padre António José Ferreira

Deixo aqui o assento de casamento para mostrar outra família de Gomes que veio do distrito de Viana do Castelo para reforçar a família já existente, em Macieira. Investiguei os antepassados dos Gomes de Formariz e tanto o avô como o bisavô desta noiva eram de Formariz, o que fez cair pela base a mina teoria que talvez fossem descendentes dos Gomes de Macieira.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Um enigma para mim!

 Que relação de parentesco haveria entre os Gomes do lugar do Paço e os Gomes de S. Pedro de Formariz, do concelho de paredes de Coura? Creio que nunca saberei a resposta para esta pergunta.

O Manuel Luís Gomes (pai da Anna Ritta que se casou e veio morar no lugar do Outeiro, mencionado na minha publicação anterior) era filho de José Gomes e neto Manuel Joaquim Gomes - três gerações - todos eles de Formariz. Pode ser uma simples coincidência, mas eu sou avesso a acreditar em tal coisa e parti do princípio que essa família Gomes teria um antepassado de Macieira e foi isso que motivou o casamento e fez com que a família tivesse uma continuação, na nossa freguesia.

Gastei algumas horas a espiolhar os livros de Formariz, mas não encontrei nada. Eles, os livros, são muito difíceis de ler (má digitalização) e ainda para piorar as coisas faltam registos de perto de 100 anos. Resultado, desisti das pesquisas e fico com o enigma!

segunda-feira, 4 de abril de 2022

A Tia Emília!

Clicar nas imagens para mais fácil leitura 





Quando comecei a pesquisar as origens da Tia Emília do Outeiro (referida na publicação anterior) parti do princípio que ela era descendente dos Gomes do Outeiro, ou em última análise, dos do Paço, mas não consegui encontrar o caminho para os seus antepassados.

Como se pode ver no assento do seu baptismo, o seu pai era de Formariz, no concelho de Paredes de Coura, e a sua mãe de Barcelinhos. Claro que o Joze Gomes, avô da Emília, podia ter casado para Formariz, mas ser originário de Macieira. Ainda fiz uma tentativa para tirar isso a limpo, mas faltam os livros dos casamentos da época em que ele se casou. Como não pretendo continuar a espiolhar o assunto, ficamos por aqui, o pai casou e veio para Macieira, o avó era de Formariz e ponto final.

Quanto ao apelido Soares que a Tia Emília herdou da sua mãe e avó, era originário de Rates, como o prova este assento de baptismo feito pelo padre de Rates, embora a sua mãe tenha vindo de Barcelinhos. O avô Francisco deve ter vindo a Rates buscar a noiva Antónia e anos depois regressou a Rates para baptizar a sua neta, já nascida em Macieira.

A História é muito pobrezinha nesses detalhes, mas a Villa de Rates deve ter tido uma grande influência em Macieira. Eu diria mesmo que, num passado mais longínquo, Macieira deveria ser uma espécie de bairro, mais para nascente, da Villa de Rates. Os reis mandavam muito pouco nas terras, mandava muito mais a Igreja, e os emissários do Arcebispo, quando vinham a Rates acertar as contas punham Macieira no mesmo embrulho.

O Sr. Custódio Gomes e depois o seu filho António, foram a maior família do Outeiro e eu parti do princípio que a Emília Gomes Soares descendia dessa família, mas, se calhar, estava enganado, ou teria que recuar algumas gerações mais para descobrir a ligação.

Para complicar as coisas, a Anna Ritta, mãe da Emília, viria a casar-se com outro Gomes de Macieira, o que torna as coisas ainda mais complicadas, pois assim tanto o pai como o avô usam o mesmo apelido, mas são de famílias diferentes. Pelo menos isso esclarece a questão do apelido, pois acabaria por ser Gomes de qualquer maneira. Ao fim e ao cabo, todos os Gomes do mundo são primos entre si!

domingo, 3 de abril de 2022

O Tio Manel da Emília!

Se me perguntarem a razão por que decidi escrever algo sobre esta personagem, direi que também eu sou conhecido, na Póvoa de Varzim, na rua onde moro, pela mesma dsignação, embora ligeiramente modernizada, Manel da Mila. Ele morava no centro do Outeiro e eu na ponta mais a norte, éramos, portanto, vizinhos.
Suponho que o casal não tinha filhos, pelo menos nunca vi uma criança naquela casa. Passavam os dois a caminho do campo, com o inseparável carro de vacas que servia para levar e trazer tudo aquilo que precisavam, como ferramentas, sementes, estrume, etc., e na volta o milho, a erva, a palha, a lenha e o resto que podem imaginar. Quem viveu, como eu vivi, nesse mundo da pequena agricultura sabe do que falo. Aos meus olhos era um casal triste que parecia carregar toda a infelicidade deste mundo.
Saí de Macieira muito cedo, com 11 anos de idade (no ano de 1955) e nunca mais lhes pus a vista em cima. Soube agora, aos estudar os registos paroquiais da nossa freguesia, que o pai dele veio de Cristelo casar em Macieira e ficou a viver em Penedo. Abaixo, podem ver uma parte do seu registo de baptismo:


Nasceu em 23 de Outubro de 1909, tinha portanto mais 34 anos que eu. Aos olhos de uma criança, um homem dessa idade é um velho. A sua mulher era descendente de uma família de apelido Gomes - havia bastantes, em Macieira - e era sua a casa onde ficaram a morar, no Lugar do Outeiro. Casou-se, em Setembro de 1942, dois anos antes de eu nascer.
E depois aconteceram mais algumas coincidências que me ajudaram a decidir escrever esta prosa (que talvez nunca seja lida por ninguém) que aqui deixo. Em primeiro lugar e por causa da Guerra Colonial, eu parti para Moçambique, no último trimestre de 1962, tendo passado o Natal desse ano longe da família. Quis o destino que nesse dia 25 de Dezembro, em que eu carpia as minhas mágoas tão longe de casa, a Tia Emília entregou a alma ao Criador, deixando o Tio Manel viúvo.
Em 1965, vim à Metrópole (era assim que nos referíamos a Portugal Continental) frequentar um curso para promoção ao posto imediato na tropa e, no Outono, regressei a Moçambique. Por coincidência, foi nesse mesmo ano que o Tio Manel da Emília deixou de se chamar assim, por se ter casado, em segundas núpcias com Maria Josefa Alves Ferreira. Imagino que a vida de um homem viúvo, com 50 e poucos anos, não fosse nada fácil, tanto pela falta de habilidade nas coisas do lar, como pela falta de ajuda com a sua lavoura que mesmo sendo de pequena monta, sempre seria demais para um homem só. Assim congratulo-me com ele pela decisão tomada em procurar noiva e oficializar a ligação.
Pois, uma coisa que não se pode negar é que o homem era rijo e sobreviveu à sua segunda esposa que faleceu, em 1999. Ele aguentaria ainda mais 4 anos, tendo morrido, em 2003, em Barcelos (suponho que internado no hospital para onde terá sido levado por doença) com a bonita idade de 94 anos.
Posto isto, fico a pensar se também eu perderei a minha Emília e ficarei sozinho até aos 94 anos, ou perto disso. Casar outra vez nem pensar, já não tenho idade nem vontade para me meter nessas corridas!