sexta-feira, 29 de julho de 2016

A Minha professora primária!


Hoje passei por Macieira e entrei no cemitério para matar saudades das pessoas que fizeram parte da minha história de macieirense. Entre outras pessoas que não vem ao caso mencionar aqui, dei de caras com o minha professora primária, a D. Alexandrina, como nós lhe chamávamos.
Em 1950, com seis anos e meio de idade, não me deixou entrar na escola, por falta de espaço, o que atrasou em um ano o meu percurso de estudante. Na altura, através de um arranginho entre a minha mãe e a professora de Courel, consegui matricular-me nessa freguesia e lá completei a 1ª Classe. No ano seguinte, ao regressar a Macieira, a D. Alexandrina não aceitou matricular-me na 2ª Classe, obrigando-me a repetir a 1ª Classe e aprender de novo o b,a bá e a contar de 1 a 10, quando eu já sabia isso tudo de ginjeira.
Tirando isso, nada de mal tenho a apontar à professora mais famosa de Macieira que gastou toda a sua vida a ensinar os macieirenses a ler e a escrever. No meu caso e dos meus colegas de 4ª Classe, acompanhou-nos ao pormenor, dando explicações em sua casa durante a tarde, garantindo que iríamos a exame com aprovação garantida.
Se tivesse tido conhecimento do seu falecimento, ter-me-ia apresentado no funeral para a acompanhar até à última morada, mas como assim não aconteceu quis prestar-lhe a minha homenagem, publicando estas poucas linhas neste blog que é de todos e para todos os macieirenses.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Mariz de Mariz!

Sempre estive convencido que o apelido Mariz que surgiu em Macieira, em finais do Século XVIII, devia ter partido da freguesia do concelho de Barcelos que tem esse mesmo nome, mas daí até o poder provar vai uma distância muito grande. Depois de muitas horas de leitura e habilidosos exercícios de raciocínio parece-me estar em condições de afirmar que encontrei a explicação.
Os Domingues de Alapela, Fonte Boa, no concelho de Esposende, no início do Século XVII, altura em que nasceu Domingos Domingues, não usavam o apelido Mariz, nem tinham qualquer relação com a freguesia do mesmo nome, acima referida. Mas tudo mudou quando ele decidiu escolher noiva para se casar e constituir família. E onde haveria ele de ir encontrá-la? Na freguesia de Mariz, está claro, como prova este documento que muito trabalhinho me deu para o encontrar. Mas, como diz o ditado, "quem porfia mata caça".

Assento de casamento de Domingos Domingues
com Maria Fernandes, de Mariz (freguesia)

A primeira vez que encontrei o apelido Mariz foi em Gueral, para onde casou Maria Dias Mariz, neta deste Domingos, atrás referido e de quem descendem todos os Mariz de Macieira.
Foi por mera casualidade que descobri que os Domingues de Cristelo e Barqueiros (ou melhor dizendo, da aldeia de Baçar) descendiam dos de Fonte Boa. Sabendo isso, dediquei-me à leitura e interpretação dos registos paroquiais dessa freguesia. Algum tempo depois, descobri o registo de casamento de Isabel Mariz que mostro abaixo e que é o documento mais antigo, em que aparece claramente o apelido Mariz, assim como o nome do seu pai, Domingos Domingues.

Assento de casamento de
Manuel Silva com Isabel Mariz

A partir destas evidências, sou obrigado a concluir que o pai de Isabel começou a ser tratado como «o Domingues de Mariz» por se ter casado com uma mulher vinda dessa freguesia e também para o identificar com mais precisão, entre os muitos Domingues, primos entre si, que habitavam Fonte Boa, nesse tempo.

Assento de baptismo de Manuel Domingues Mariz

E a última pista que encontrei e me levou direitinho até à freguesia de Mariz, foi o registo de baptismo do Manuel, filho de Domingos Domingues, cujos padrinhos, Martinho e Isabel, eram daquela freguesia.
Para terminar esta história dos Mariz que já me ocupou tempo demais, devo dizer que foi o irmão de Isabel, de seu nome Jacome, que levou o apelido para a aldeia de Baçar, meeira entre Barqueiros e Cristelo, o que criou uma grande confusão nos registos paroquiais dessas duas freguesias, dando origem à linhagem dos Mariz de Cristelo que subsistem até hoje.

domingo, 10 de julho de 2016

Alapela - Fonte Boa!


Continuando as minhas pesquisas sobre a família Mariz, da freguesia de Cristelo, fui parar a Fonte Boa, do concelho de Esposende, de onde vieram os Mariz, e esbarrei-me com esta curiosidade, dois casamentos, em dois dias consecutivos, em que os noivos são irmãos e as noivas também, ou seja, eram cunhados duas vezes.
Como era tradição serem os pais da noiva a pagar a boda, o Sr. Domingos Domingues, pai das noivas, teve que abrir os cordões à bolsa para dar o dote às suas filhas e pagar a despesa da boda. Pelo menos teve a vantagem de, com uma única festa e com os mesmos convidados, arrumar duas filhas das sete que Deus lhe deu.

Manuel Gonçalves com Francisca Domingues
21 de Fevereiro de 1718

António Gonçalves com Escolástica Domingues
22 de Fevereiro de 1718


Como descobri nestas pesquisas, os mais antigos Mariz que localizei viviam no lugar de Alapela, da freguesia de Fonte Boa. Domingos Domingues e Sabina Alvares devem ter casado por volta de 1680, mas desconfio que a noiva não era dessa freguesia, pois não fui capaz de localizar o assento de casamento.
Finalmente consegui reconstruir a sucessão de gerações dos Mariz até chegar ao Manuel que, em 1869, veio encontrar noiva no lugar de Penedo da nossa freguesia. Mas isso fica para outra publicação, pois me faltam ainda alguns dados para completar a história.