domingo, 6 de junho de 2021

A »Família Domingues»!

Domingos e Domingas foram dois nomes muito usados, em Macieira, no passado. Talvez ainda existam muitos, hoje, mas tirando o Padre Domingos (do Salvador) não conheço nenhum. Mas não é de admirar, pois saí de Macieira, em 1955, com 11 anos de idade e raras vezes lá voltei.
O apelido Domingues que, segundo a tradição latina, significa "filho do Domingos" era também um dos mais comuns, na nossa freguesia, no Século XVII, quando começaram a ser feitos os »Registos Paroquiais», percursores do Registo Civil dos tempos modernos. Havia famílias com este apelido em quase todos os lugares da freguesia. Atentem no quadro abaixo:

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A data refere-se ao baptismo do primeiro filho que cada casal registou. Os registos começaram, em Macieira, no ano de 1635 e, sabe Deus, quantos Domingues houve antes disso. O nome de Domenico (depois Domingos) deve ter sido introduzido pelos romanos, durante o primeiro milénio e o apelido Domingues veio logo a seguir com o primeiro filho desse primeiro Domingos.
No Século XVIII já houve menos Domingues e no Século XIX menos ainda. Apelidos como Ferreira, Costa, Silva, Novais, Leitão e, principalmente, Francisco foram ocupando o seu lugar. Nomes próprios, como Francisco, António, André, Manuel e João eram também usados como apelido. Francisco foi o mais comum de todos, não só em Macieira, mas também nas freguesias vizinhas de Rates, Courel, Negreiros, Chorente e Arcos. Houve um período em que eram tantos Franciscos que o pároco da freguesia tinha dificuldades em fazer os registos sem haver confusão. De modo que tiveram que recorrer a vários truques, inclusivé, usando alcunhas, como "O Cego", "O Manco", "O Velho", "O Novo", etc.
O lugar do Rio foi dominado por Domingues, desde o início dos registos até ao ano de 1814 (ver imagem abaixo), ano em que foi registada a Francisca, filha de José Domingues e de sua mulher Thereza Maria. Depois disso vieram os Ferreiras, Silvas, Santos, Soares, Fernandes, Leitão e Novais que tomaram o lugar dos Domingues.



O último Domingues de que tenho registo é do ano de 1896, José Domingues da Costa e sua mulher Maria Campos, do lugar de Penedo e, antes desse, José Domingues de Araújo e sua mulher Maria Josefa, no ano de 1859, do lugar da Aldeia. A partir de Abril de 1911, acabaram os Registos Paroquiais e começou o Registo Civil, cujos documentos não são ainda públicos e, por conseguinte, se há ou deixou de haver Domingues é coisa que desconheço.