Quando eu era um rapaz em idade de frequentar a Escola Primária, veio morar para o lugar do Outeiro a família de um cantoneiro que, suponho eu, tinha a seu cargo a estrada que vinha das Fontaínhas e ia até Barcelos. Dele não recordo nada, mas a sua mulher, a Teresa Cantoneira, ficou-me na memória por várias razões, uma delas a morte de 3 filhas, levadas pela tuberculose, no prazo de uma semana.
Lembrei-me disso ao conferir os óbitos do ano da graça de mil oitocentos e quarenta e oito. Também nesse ano, entre o Natal e o Ano Novo, no lugar do Picoto, faleceram 3 crianças de tenra idade. Imagino o tipo de festa de Natal que teve nesse longínquo ano de 1848, a família do Sr. António Francisco e sua mulher Bernarda.
Ainda me falta conferir os anos de 1845, 1846 e 1847 e pode acontecer que o Manuel, nascido em 1843, tenha também sucumbido à mesma doença que levou os seus irmãos. Não faço a mínima ideia de qual doença se tratou, mas nesse tempo qualquer doença era um grave problema, pois não havia penicilina nem antibióticos, como há actualmente. Febres e gripes de vários tipos apareciam e faziam uma razia entre a população que vivia em piores condições sanitárias.