António Joze Vieira foi uma das pessoas que melhor conheci, em Macieira. Em primeiro lugar por morar mesmo em frente da Escola Primária que eu frequentei de 1951 a 1955, era só descer as escadinhas da escola e já estávamos a entrar pela sua loja adentro. Em segundo lugar, porque era ele que fornecia os piões aos rapazes de Macieira, às raparigas não que elas só jogavam à Macaca, e quando começava a «época do pião» quem não tinha tinha que ir lá comprar um.
Mas o que me fez vir aqui falar dele não foram os piões, mas sim os seus filhos que teimavam em morrer um atrás do outro, sabe Deus porquê. Ele era casado com Luiza Cândida da Silva e um deles devia sofrer de qualquer deficiência orgânica para os filhos não vingarem. E também podia ser por outa razão qualquer, no início do Século XX, a que me reporto, houve grandes febres que dizimaram a população, como o Tifo, por exemplo.
No estudo que estou a fazer aparecem, de 1902 a 1909, 4 filhos menores falecidos antes de chegarem à idade escolar. Não sei se o pai ou a mãe teimava em dar o mesmo nome a um filho que nascia, depois de lhe ter morrido outro com o mesmo nome. Assim morreu o Domingos e logo veio outro para o seu lugar e que acabou por morrer também, o mesmo acontecendo com a Maria Beatriz que teve outra seguidora.
Faço ideia da dor que sofreram esses pais, a viver ali mesmo ao lado da igreja nova de Macieira, inaugurada na última década do Século XIX, e a ter que ir lá velar os seus filhinhos, um atrás do outro. Em primeiro lugar foi a Maria Beatriz, nascida em 1 de Abril e falecida 2 dias antes do Natal desse mesmo ano. Depois foram os dois Domingos, um com dois e o outro com três anos. E para fechar as contas o Manuel que nasceu em 1903 e faleceu no último mês do ano de 1909.
E não posso garantir que a coisa tenha ficado por aqui, pois a partir de 1909 os registos começaram a ser muito incertos, até desaparecerem por completo depois da Implantação da República, em 1910. Deve ter havido pessoas que só normalizaram a sua situação depois de terem pedido o «Bilhete de Identidade», pois até aí não tinham sido registadas.
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