quarta-feira, 1 de julho de 2015

Que descansem em paz!

É do conhecimento geral que foi o Padre Severino de Oliveira Lima, pároco de Macieira durante muitos anos, na segunda metade do Século XIX, o grande impulsionador da construção da nova igreja de Macieira que,hoje, podemos admirar no alto do Outeirinho. Não sei a data exacta em que ela entrou em funcionamento, mas pelo documento que podem ver aqui abaixo, a velha igreja que se situava no sítio onde hoje existe a casa do Tio Manuel do Junqueiro (ou dos seus descendentes) ainda estava em funções.


No dia 1 de Setembro do ano de 1883, um bebé de oito dias de idade, de nome António, filho de Joze António de Araújo e de Maria de Jesus, foi ali sepultado, o que é prova evidente de que a igreja continuava em funções.
Infelizmente o Padre Lima não teve oportunidade de ver a sua obra concluída, pois, em Setembro do ano de 1879, faleceu e foi sepultado na velha igreja, lugar onde tinha presidido a centenas de baptismos, casamentos e funerais. Como os párocos gostavam de dizer, digo eu também, e para constar deixo aqui a prova daquilo que digo para quem a quiser ver.


Mas, além da igreja, era também necessário arranjar um lugar para enterrar os mortos, pois não era intenção continuar a fazê-lo dentro da igreja. Na tentativa de descobrir em que data o cemitério de Macieira, tal como o conhecemos hoje, começou a funcionar, passei a pente fino os registos de todos os óbitos, daquela data, e descobri o seguinte:


No mês de Outubro do ano de 1883, realizou-se o primeiro funeral com enterro «no cemitério provisório desta freguezia por não haver ainda o definitivo», palavras textuais que podem ler no documento reproduzido acima.
Só no dia 7 de Março do ano seguinte, desaparece do assento de óbito a palavra "provisório", quando se refere ao cemitério, o que me leva a crer que o actual cemitério estaria já em funções nessa data. E o mais provável é que o provisório e definitivo sejam exactamente o mesmo e a palavra provisório se refira apenas à falta dos muros de vedação e do respectivo portão de acesso ao talhão de terreno destinado a esse fim.


A coincidência dos nomes faz-me pensar que este Joze António pode ser familiar do bebé mencionado acima, talvez tio e sobrinho e seria uma curiosidade digna de nota, ser o sobrinho o último a ser enterrado na igreja velha e o tio o primeiro no cemitério novo.
Para terminar resta-me acrescentar aquilo que é normal nestas situações envolvendo os nossos mortos:
- Que descansem em paz!


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