A «Casa do Junqueiro», no Outeirinho, foi construída sobre as ruínas da velha igreja de Macieira que foi abandonada e demolida no último quartel do Século XIX (1873, se não estou em erro). José Gomes Alves, vindo de Gilmonde, foi quem meteu mãos à obra, demolindo o resto das paredes que tinham ficado de pé e usando essas pedras para fazer os alicerces da casa nova.
Como se pode ver no registo acima, a noiva era de Macieira e era ainda menor de idade, quando se casou, nem 15 anos tinha completado ainda! O Pároco, como era da praxe, menciona isso no Assento de Casamento para que não fiquem dúvidas da legalidade do acto. Casamento 2 dias antes do Natal de 1896 e antes de fazer um ano nasceu a sua filha mais velha, de seu nome Ana.
No meu tempo, meados do século XX, já era dono da casa o seu filho Manuel, único filho varão da família Junqueiro, pois todos os outros filhos deste senhor que veio de Gilmonde para Macieira eram mulheres, uma delas, a Clementina, minha madrinha de baptismo.
Pelo que me contou a minha madrinha, ela já era moça criada, quando o pai começou as obras da casa que referi acima. Disse-me ela e eu não tenho razão para duvidar que ao abrirem os alicerces, em cada cavadela encontravam um osso humano. É muito natural, disse-lhe eu, pois era costume enterrar os defuntos dentro da igreja e apenas alguns (poucos) foram enterrados num cemitério provisório que foi aberto num campo que ficava a sul da igreja, do lado de lá do caminho que dali segue para o Lubar. Pouco tempo depois foi inaugurado o Cemitério da Agra, como o conhecemos hoje.
Lembro-me de haver um rapaz, filho do Tio Manel do Junqueiro que era, mais ou menos, da minha idade que se chamava Joaquim, será hoje, um venerável octogenário se ainda for vivo. Além desse filho só me lembro do João que era estudante no Seminário de Braga, se formou como padre e cantou missa, mas depois abandonou a batina para se casar com uma rapariga que, entretanto, conheceu. Melhor assim do que andar a fazer vergonhas (como alguns que eu conheço).
Por falar nisso, a minha madrinha ia aos arames sempre que eu lhe chamava João, pois ela "exigia" que fosse tratado por Sr. Padre João. Imagino o desgosto dela, quando ele se casou e começou a dormir com uma mulher na cama. Que escândalo, meu Deus!!!
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