Povo da minha terra
domingo, 12 de outubro de 2025
Memória de outras gentes!
sábado, 13 de setembro de 2025
Bruxas e coisas ruins!
Contava-me a minha avó que ao passar no cruzamento do Rio do Souto era difícil segurar nas vacas que puxavam o carro carregado com uma pipa de vinho que ia levar à Póvoa. Elas pressentiam qualquer coisa e a escuridão da noite fazia o resto. Nunca, durante o dia, enquanto o sol iluminava o mundo e aquecia os nossos corações, alguém avistara o mafarrico ou alguma bruxa que com ele estivesse feita, mas quando caía a noite tudo podia acontecer.
De noite todos os gatos são pardos, lá diz o ditado e qualquer ruido feito por um repelão de vento levava o povo a dizer que andava por ali o diabo. A Póvoa ficava longe e para lá chegar ao abrir das lojas era preciso fazer trotar as vaquinhas num passo certo. O pessoal da casa deixava o carro preparado, com a pipa bem amarrada, antes de se irem deitar. A minha avó levantava-se pouco depois das 2 horas da madrugada, apunha a junta de vacas ao carro e ei-la a caminho da terra dos pescadores que não passavam sem o tintol que ia dentro da pipa.
Por volta das 7 horas, mais coisa, menos coisa, teria que estar à porta do tasqueiro para descarregar a pipa e, portanto, não podia distrair-se. A minha avó morou, durante alguns anos no lugar de Talho e depois, outros tantos anos, até a sua filha se casar, no lugar do Formigal (hoje desaparecido). Por isso ela conhecia bem aquele cruzamento que ligava o lugar de Talho a Penedo passando por cima da estrada que liga as Fontaínhas a Barcelos.
O dito Rio do Souto era um fio de água que vinha lá do lugar dos Araújos, passava pela fonte de Cruzes e no Luvar se juntava ao Rio Codade, também conhecido pela designação de Ribeira de Macieira que de Goios vinha em direcção a sul, passava por Macieira e ia desaguar no Rio Este. Na minha memória de criança, pois saí de Macieira aos 11 anos, o lugar do Rio do Souto era um lugar triste e sombrio habitado por gente velha, sombria e triste também.
Se era essa escuridão - até as velhas do Rio do Souto que só saíam de casa para ir à igreja andavam sempre vestidas de preto - a velhice dos habitantes ou a falta de crianças, naqueles arredores, que davam um ar sinistro ao lugar e punham em sobressalto as vacas que a minha avozinha levava pela soga, eu não sei, mas aceito palpites. Nos velhos tempos, havia sempre almas penadas que andavam a correr o fado e a mina avó acreditava nisso tanto como Cristo ter vindo ao mundo para nos salvar.
"Correr o fado" pode ter dois significados principais: na tradição popular e no folclore, refere-se a uma ação mágica ou ritual de um lobisomem (ou outra figura mítica) que corre durante a noite por um percurso específico (setes pontes, montes, etc.) para quebrar uma maldição ou realizar um destino".
A Fonte de Crujes poderia ser uma das sete visitadas pela alma penada que depois passava pelo Rio do Souto a caminho da Cumieira, ou outro lugar qualquer onde houvesse outra fonte a visitar. As vaquinhas que a minha avó levava pela soga tinham que ir à Póvoa e voltar para casa, antes que o dia terminasse. Por vezes vinham ainda carregadas com estrume, pilado ou sargaço que os lavradores aceitavam como moeda de troca pelo vinho, e parece-me pouco provável que detectassem a presença de qualquer alma penada, mas bastava baterem com os cornos de uma na outra para pôr a minha avó em sobressalto.
Se uma alma penada fosse interrompida na sua corrida por qualquer pessoa, seria essa pessoa condenada a fazer o resto da corrida até o fado ser desfeito. E eu tenho a certeza que a minha avó não estava par aí virada, a vida já lhe era bem pesada para aturar uma mãe doente e uma filha sem pai que as ajudasse a suportar o pesado fardo do dia-a-dia!
sábado, 9 de agosto de 2025
A festa do nosso santo!
Este ano houve festa em Macieira, com procissão e tudo!
Juraria que há bastantes anos isso não acontecia! E por aquilo que ouvi, foi uma festa animada e com muita concorrência!
Havendo música, à noite, e com luzinhas a piscar a juventude comparece em força. pelo contrário, os mais velhotes preferem uma banda musical que actue durante o dia, pois a noite é para descansar o esqueleto das canseiras do dia.
Fico à espera para ver se no próximo ano a coisa se repete!
domingo, 20 de julho de 2025
A festa de Remelhe!
Quem foi a Santa Marinha?
terça-feira, 27 de maio de 2025
Ainda os Caetanos!
Este apelido é originário de Bagunte, freguesia do concelho de Vila do Conde. Veio para Macieira pelo casamento de uma filha de Manuel Francisco e Theodozia Francisca, a Rozária, com Manuel Caetano Ferreira, filho de António Luís Ferreira e Costódia Ferreira.
Deste casal nasceu apenas uma filha, Maria Vitória, no ano de 1800. Mas, antes ainda dessa data, apareceu em Macieira um rapaz, chamado Manuel José, que ficou a viver em casa do Sr. Manuel Caetano e foi criado como seu filho.
Ele vinha de uma instituição pública, a Roda dos Expostos de Ponte de Lima e, segundo rezam os documentos que eu consultei, foi criado na freguesia de S. Julião do Freixo, antes de vir para Macieira. O que me faz suspeitar que esse rapaz era filho natural de Manuel Caetano é que o seu filho Manuel, nascido em 1822, foi mencionado como Manuel Caetano Ferreira pelo pároco de Pedra Furada, quando abençoou o seu casamento com Brízida Joaquina. Como poderia ele herdar o apelido de Caetano Ferreira, se era exposto e Roda e foi baptizado com o nome de Manuel José?
Para que se perceba melhor a ligação da família Ferreira, de Bagunte a Macieira, deixo aqui a informação que recolhi:
Manuel Caetano Ferreira era filho de António Luís Ferreira (Bagunte) e de Costódia Ferreira de Trabassos. E neto de Manuel Ferreira e Joanna Luís (Bagunte) e de Manuel Ferreira e Maria da Cruz, de Macieira, pais da Costódia.
Do casamento com Brízida Joaquina de Pedra Furada nasceu uma grande família, como se pode ver pela imagem que se segue.
segunda-feira, 26 de maio de 2025
Os Caetanos de Macieira!
Tudo começou com o Manuel José, filho só Deus sabe de quem e que foi exposto e depois criado na freguesia de S. Julião do Freixo, concelho de Ponte de Lima.
Como ele veio parar a Macieira ninguém sabe, mas veio acabar em casa do Sr. Manuel Caetano Ferreira e ali conheceu a Anna Maria, rapariga da freguesia de Courel, cujos pais eram já falecidos e com quem ele decidiu casar.
Ninguém me contou e também não tenho qualquer prova, mas diz-me o meu subconsciente que o pai deste catraio, nascido de pai incógnito, era de verdade filho do, atrás referido, protector Manuel Caetano Ferreira. Tanto assim que o segundo filho de Manuel José e Anna Maria recebeu o nome de Manuel e mais tarde, no seu assento de casamento, em Pedra Furada, já aparece como Manuel Caetano Ferreira.
E casou com Brízida Joaquina e encheu Macieira de Caetanos que eram todos meus familiares, pois a sua irmã mais velha, a Maria Isidória casou com um dos netos do Jerónimo Ferreira e foi mãe da minha bisavó Eusébia e todos os outros irmãos, como o José ou o Luís que deixaram os eus descendentes em Macieira ou na Lagoa Negra, dois locais que a minha família jamais esquecerá.
O José foi buscar a Tia Rosa Velha a Rio Covo e com ela encheu Macieira de descendentes, o tio David do Velho, o seu filho Manuel, o taxista, entre outros, enquanto o Luís foi para a Lagoa Negra, levando para lá a minha bisavó Eusébia que se casou com um viúvo e deu à luz a minha avó Maria que me criou e foi mais que minha mãe. Aqui levanto as mãos ao céu, em sua memória, pedindo que Deus a tenha em seu regaço!
sábado, 19 de abril de 2025
Ferreira do Outeiro!
Travessa da Casa do Ferreira, sabem onde fica? E porque teria sido dado esse nome àquela travessa? Eu não sei, mas tenho uma teoria. Nesse terreno cheio de árvores, no centro da imagem, há uma casa antiga com capela, o que significa que foi lar de gente com pergaminhos. Quando eu era criança e andava por ali, era conhecida pela Quinta do Passeia e lá moravam apenas duas velhas solteironas.
Como a minha bisavó Eusébia, bisneta do Sr. Jerónimo Ferreira, do lugar do Outeiro, se refugiou ali, quando se viu grávida e sem marido, para ter o seu filho, eu acredito que quem ali morava pertencia a essa mesma família, a do Jerónimo. Para reforçar a minha teoria quem era o feitor dessa quinta, nesse tempo a que me refiro, meados do Século XX, era o Daniel Alves de Sousa, ele também descendente directo do Sr. Jerónimo Ferreira.
Talvez, se eu fosse perguntar à Junta de Freguesia de Pedra Furada a origem do topónimo, eles me soubessem responder. Ou talvez não e se limitassem a dizer que nessa casa viveu, em tempos, um Ferreira que era rico, construiu aquela capela, hoje abandonada, e assim ficou na história da freguesia. Mas não, isso seria uma informação incompleta e eu prefiro ficar com a minha teoria!
domingo, 16 de março de 2025
Os do Jerónimo!
Eu era um rapazinho curioso, quando abri os olhos para o mundo - aos 7 anos de idade - e comecei a ouvir falar nos «Do Jerónimo». Eles moravam todos no Outeiro, lugar com a maior altitude na nossa freguesia, onde também eu tinha nascido. Muitos anos mais tarde, ressuscitando as memórias da minha infância, e sabendo que toda essa gente usava o apelido de Sousa, admiti que esse meu antepassado se chamaria Jerónimo de Sousa. E quando via e ouvia o líder do PCP arengar as suas teorias comunistas na TV, pensava eu, lá está o meu avô Jerónimo a dizer asneiras!
Depois de meter as mãos à obra e dar vida à minha árvore genealógica, é que vim a descobrir que a mais famosa figura do lugar do Outeiro, neto de Gueral (os Ferreiras) e bisneto de Negreiros (os Álvares) se chamava, afinal, Jerónimo Ferreira. E que eu só não nasci Ferreira, porque o seu filho José decidiu abdicar do seu apelido em favor da sua mulher que era de Balazar e se chamava Souza. E todos ficaram Sousas até à minha mãe, Rita, assim como a sua mãe Maria, a sua avó Eusébia e o seu bisavô Joaquim.
Pegando, de novo, no fio das minhas recordações, a tia Rosa do Jerónimo era a minha vizinha mais próxima e várias vezes mencionada nas «Minhas Memórias». O tio David do Jerónimo era seu irmão e a tia Amélia do Jerónimo sua cunhada, pois do Jerónimo era o seu marido António que se pirou para o Brasil e nunca mais deu as caras por Macieira. Todos eles, a Rosa, o David e o António eram bisnetos do Sr. Jerónimo Ferreira e tinham, por conseguinte justificação para usar a alcunha.
No tempo presente, está em vias de extinção essa designação, pois «Os do Velho» com cruzamentos com «Os do Jerónimo», pelo casamento, têm vindo a prevalecer na nossa freguesia. Talvez por culpa do Manel do Velho, famoso taxista e cantoneiro da freguesia - foi ele quem me levou a Barcelos, no seu "bombo" preto, para fazer o exame da 4ª Classe, por ser filho da Maria do Velho e do David do Jerónimo. Hoje, os seu filhos, netos e bisnetos são os mais conhecidos membros da «Dinastia dos Velhos» e do Jerónimo já ninguém se lembra de lhes chamar.
O nosso avô Joaquim, cujo assento de casamento deixo acima, foi o primeiro Souza da família, perdendo o seu apelido Ferreira (do pai) em favor do Souza (da mãe), tal como pode constatar quem ler o documento com atenção. Dele nasceram os Sousas (já escrito com S), irmãos da minha bisavó Eusébia, que deram origem aos muitos Sousas da nossa grande família.
O apelido Araújo foi quem deu origem aos Velhos, desconhecendo eu a partir de quem e de quando começou a ser usado. Os Velhos da minha geração eram o tio António, o tio Salvador, o tio José e a tia Maria, todos casados e a morar no Outeiro, assim como uma irmã que morava no Outeirinho casada com um Alves. A Maria, tendo-se casado com o tio David do Jerónimo, foi quem cozinhou toda esta "açorda" e deu a supremacia aos «Do Velho»!
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Quim do Matos do Outeiro!
Mais conhecido pela alcunha de "Pimpa", ele foi meu colega de escola na 4ª Classe. Nos morávamos a menos de duas centenas de metros um do outro e era, por conseguinte, normal que nos juntássemos quase todos os dias nas habituais brincadeiras próprias da nossa idade.
O que me ficou gravado para sempre na memória foi a nossa aprendizagem a cavalgar, no lombo de uma burra que era pertença da sua família. A desculpa para a mãe dele é que íamos levá-la a pastar pelos caminhos, dali até à fonte, e aproveitávamos para ir montados nela, à vez.
Mal sabia eu que ele, cerca de 10 anos depois, se juntaria a mim na Marinha de Guerra Portuguesa - ambos cumprimos o Serviço Militar Obrigatório nessa arma - embora nunca o tenha encontrado lá, pois seguimos caminhos diferentes. Eu fui para a Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro-Barreiro, no mês de Março de 62 e ele para a Escola de Alunos Marinheiros, em Vila Franca de Xira, em Setembro do mesmo ano. Poucos meses depois de jurar bandeira, eu segui para Moçambique e ele, tanto quanto consegui apurar, passou por Angola, embarcado num dos navios de guerra da Armada.
E só soube desta particularidade depois de ele ter falecido, levado por uma doença oncológica que lhe destruiu os pulmões. Se tivesse sabido a tempo, tê-lo-ia visitado e teríamos conversado sobre as nossas experiências como marinheiros. Agora descobri que ele tem um filho emigrado em França (chama-se Pedro) e foi ele quem me enviou esta foto que aqui deixo publicada.
domingo, 23 de fevereiro de 2025
Martins, apelido antigo, em Macieira!
O apelido Martins já existia em vários lugares da freguesia, quando se começaram a fazer os Registos Paroquiais. Por exemplo, este Martins que se casou, em 1675, era filho de Christóvão Domingues e de Maria Martins do Luvar. E havia também várias famílias, vê-se pelos assentos de baptismo, nos lugares de Penedo, do Rio, do Outeiro e de Modeste. Este assento de casamento (imagem acima) refere-se ao Domingos, filho de Maria Martins do Luvar e que ficou a viver em Modeste, foi o primeiro da família Martins a aparecer nos registos de casamento.
Eu gostaria de descobrir a origem do nome, mas com os documentos que tenho é impossível.
Acima podem ver o nome dos casais que estavam a baptisar filhos, na altura em que se iniciaram os registos. E o costume de escolher o apelido da mãe dificulta muito a vida a quem faz estas pesquisas. E sei que havia Martins nas freguesias à volta de Macieira, Courel, Negreiros, Gondifelos, etc.
Por essa razão vou abandonar este assunto, considerando que o Pedro Martins e a sua mulher Maria Martins do lugar do Rio que baptisaram um filho em 1637, eram os mais antigos na nossa freguesia, a par com a Maria Martins, do Luvar, que era a mãe do noivo que aparece no registo acima.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
O Sr. Ferreira!
Há dias, quando passei pela Fonte do Outeiro, olhei lá para o alto, onde se situa a casa dos Ferreiras, e fiquei a magicar se seria aquela a casa do avô Jerónimo Ferreira. O actual dono da casa chama-se Manuel Ferreira, tal e qual como se chamava o pai do avô Jerónimo, quando veio de Gueral casar com uma filha da casa dos Araújos.
Um dia vou ter que investigar essa possibilidade, pois assim poderia estabelecer o lugar do ninho onde nasceu a minha família ancestral. Se alguém passar por aqui e saiba o nome do pai ou avô do actual proprietário, peço que mo deixe aqui num breve comentário, para me servir de ponto de partida.
É bom saber de onde viemos. Jerónimo, depois José e Joaquim até chegar à minha bisavó Eusébia, cujo nome ainda hoje é recordado, em Macieira. E que é também o último membro da minha família a ser sepultado no cemitério da Agra. Depois disso, a família emigrou e a sua única filha e neta (também única) viriam a ser sepultadas no cemitério de Touguinha, fregesia do concelho de Vila do Conde.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Fonte do Outeiro!
Na semana passada voltei a passar pela Fonte do Outeiro de onde bebi a água até aos 11 anos de idade. Depois emigrei para Coimbra e passei a beber água canalizada que não faço a mínima ideia de onde vinha.
Gostei de ver que as obras avançaram um pouco, pelo menos já foram desmontados os andaimes e completada a obra de pedreiro, em grosso. Não sei qual é o projeto da obra, se vão manter o bebedouro do gado e a poça, onde a minha avó ia lavar as fraldas dos muitos netos que ajudou a criar. O carreiro por onde desciam as pessoas que vinham do lado norte, para evitar dar uma grande volta, foi fechado. Talvez para alargar o caminho de cima, ou talvez porque tenham chegado à conclusão que, no presente, ninguém anda a pé. Além de que do lado norte só vive o Celestino do Sá e não usará a água da fonte para as suas necessidades do dia-a-dia.
Esqueci-me de tirar uma foto para deixar aqui e comparar com as fotos antigas que tenho guardadas no meu computador. Longe vão os tempos em que eu ia ali com um gigote de verga na mão para recolher a bosta que o gado largava, quando ia beber, e que a minha avó usava para vedar a porta do forno em que cozia a broa de milho para toda a semana.
Em 80 anos de vida já vi e ouvi muita coisa, inclusivé que bosta seca serve de combustível no deserto, onde não se encontra um graveto que sirva para alimentar uma pequena fogueira, onde ferver um pouco de água para fazer chá. Viajei pela Europa, África e Ásia e vi muitas coisas que quem nunca saiu de Macieira nunca viu, mas regresso sempre ao Outeiro, onde nasci, e vou olhar para a fonte que continua a esguichar água, como já fazia antes de eu nascer!
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
O tempo corre e não cansa!
E já lá vai (quase) um mês do novo ano de 2025!
E ninguém passa por aqui para deixar um mísero comentário que nada custa, é 100% gratuito. Os mais velhos não percebem puto destas novas tecnologias e os mais novos preferem o Facebook, o Instagram, o X e o Tik-Tok, blog nem sabem o que isso é!
Mas deviam, pois ler e escrever bem só se consegue com muito treino. E no Facebook, ou outras redes sociais, é usada uma terminologia que não é válida no mundo real e "emoji" também não se usa para exprimir sentimentos ou estados de alma.
Mas quem sou eu para dar lições de moral? Cada um fará o que quiser, nunca esquecendo aquele ditado popular que diz: "faz bem a cama, pois nela te deitarás"!
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
Viva o Ano Novo de 2025!
Há já uns anitos que perco (?) o meu tempo a escrever qualquer coisa para os filhos de Macieira, mas poucos ligam a isto e é raro alguém comentar. Mas, como sou teimoso de natureza, continuo a insistir e algum dia receberei a paga pela minha dedicação. Se não for em vida, talvez depois de morto o S. Pedro me dê os parabéns, quando me apresentar para saber o que consta no Livro da Minha Vida!
Ah, então tu, meu filho, és o tal que andou como Jesus Cristo a pregar no deserto, dirá o S. Pedro. E eu responderei que sim, que nunca desisti de os convencer a juntarem-se a mim e louvarem a nossa freguesia e a sua História.
Neste ano que ainda agora começou, vou continuar a fazer a mesma coisa e esperar que as pessoas apareçam e participem neste espaço que não é só meu, mas de todos os macieirenses!
terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Boas Festas!
Há já uns anos, passei em Macieira na altura do natal e entrei na «Venda de Macieira», agora chamada de «Supermercado Campos» e comprei o bacalhau para o Natal.
Este ano não calhou passar por lá, mas em espírito ando sempre pela freguesia que me viu nascer, no lugar do Outeiro, membro da grande família do Sr. Jerónimo Ferreira.
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Recordar outros tempos e outras gentes!
Do Lobito sai uma estrada que se dirige para Leste a caminho de Bocoio, antiga Vila Sousa Lara, região de grande influência agrícola, para onde emigrou a família do Tio David Vitorino, nos idos de 1955.
Os seus filhos, talvez pela proximidade das nossas residências, eram os meus amigos de brincadeiras a que se seguiam o Amaro do Matos e o Quim Pimpa, todos colegas de Escola Primária. Acabada a 4ª Classe era obrigatório traçar outro rumo para a nossa vida. O Quim ficou em Macieira até ao dia em que faleceu vítima de cancro nos pulmões. O Amaro e eu fomos estudar, quanto à família dos Farinheiros o seu destino foi Angola.
O Salazar acordou tarde para o problema, mas na década de 50 do século passado, começou a incentivar a ida de colonos para Angola para acelerar o desenvolvimento rural daquela província ultramarina. Um contrato de 25 anos para cultivar uns quantos hectares de terreno que era preciso desbravar e que ao fim desse período passariam a ser propriedade do colono.
A Vila Sousa Lara era a capital do ananás e eu acredito que foi nessa área que o Tio David resolveu investir o seu tempo e as suas energias. Os filhos eram ainda pequenos para ajudar, o Serafim tinha 12 anos e o Benjamin 10, mas, como diz o ditado, o trabalho do menino é pouco, mas quem o desperdiça é louco.
Pena foi ter começado a guerra, seis anos depois de lá terem chegado e os filhos terem alinhado pelo Exército Português, logo que atingiram a idade para isso. O Serafim fez 21 anos, em 1964 e o Benjamim em 1966 e a guerra durou ainda até o Domingos e o Manuel serem também chamados a cumprir o dever pátrio. E depois da Guerra Colonial veio a guerra civil que acabou com a vida dos colonos portugueses que tiveram que regressar a Portugal ou refugiar-se nas cidades. Foi uma desgraça para todos, portugueses e angolanos.
Nas imagens acima que recortei dum mapa do Google Earth pode ver-se a zona onde eles foram parar e a povoação de Cavissamba (perto do Morro das Mamas) era o lugar onde tinham a sua exploração agrícola. Hoje, todos os filhos do Tio David que ficaram em Angola são já defuntos, restam por lá alguns netos, nascidos do Serafim, do Manel e da Conceição, mas até o Benjamim, actualmente, a morar em Vila Real de Trás-os-Montes, lhes perdeu o rasto.
Como hoje é dia de consoada e seria altura de reunir toda a gente à volta da mesa, vim lembrar esta família que foi importante para mim, na minha infância, e já cá não está fisicamente. Mas da minha memória ninguém a apaga!
P.S. - O Manel, morador na freguesia de Campo, Barcelos, que era filho da Tia Carma (de solteira) também já faleceu, assim como a Lúcia, moradora na Póvoa de Varzim, filha do Tio David (de solteiro).
domingo, 8 de dezembro de 2024
Dia da Imaculada Conceição!
Vivi em Macieira até aos 11 anos. Lá só havia santos, a começar pelo Santo Adrião que era o padroeiro, seguido do S. Tiago a quem se fazia a única festa que havia da aldeia e depois o S. Sebastião que tinha uma imagem pequenina, no lado esquerdo da igreja, e era sempre lembrado como um santo especial com direito a procissão e festa, ainda nos dias de hoje.
Depois dos 11 anos mudei-me para Coimbra e vivi 4 anos num Colégio que tinha como padroeira a Imaculada Conceição com festa garantida a cada dia 8 de Dezembro. De lá vim parar à Póvoa e fiquei a morar na paróquia da Matriz de que é padroeira a Imaculada Conceição.
Seguiu-se, depois destes acontecimentos, uma passagem pela Marinha e pela Guerra Colonial com uma passagem de 5 anos inteirinhos na antiga província portuguesa de Moçambique, também conhecida como «África Oriental Portuguesa».
Uns poucos meses depois, já estava casado e a morar na mesma rua, onde estivera aos 16 anos, ou seja, na Paróquia da Imaculada Conceição, da Póvoa de Varzim, onde ainda moro, hoje. A festa aqui acontece junto ao castelo, ou fortaleza também dedicado à nossa padroeira. Fortaleza de N. S. da Conceição, assim se chama para quem não sabe.
A particularidade desta festa e que leva uma multidão ao largo do Castelo é a subida ao pau. Trata-se de um poste de madeira, convenientemente, ensebado para dificultar a subida, onde estão pendurados vários artigos, como um bacalhau, uma garrafa de Porto, um molho de chouriças, etc.. Todos os presentes são convidados a subir ao pau, mas, na prática ninguém aceita, pois não está vestida para tal missão.
Mas há sempre uns rapazes que ano após ano disputam o prémio pendurado lá no alto. Vêm vestidos com roupa velha, que acabada a festa vai parar ao lixo, e um saco cheio de cinza misturada com serrim que vão aplicando no pau, conforma progridem na subida, Só assim se consegue não escorregar, mas é preciso fôlego para tentar uma e outra vez até o pau estar, suficientemente, limpo para lhes permitir chegar lá acima e recolher o prémio.
A maior parte das vezes chove nesse dia e isso afasta muita gente que não quer passar ali a tarde a olhar para o ar e levar com a chuva pela cabeça abaixo. Hoje, parece que não choverá, o IPMA prevê tempo seco e frio, portanto é de se esperar uma boa «Subida ao Pau», no Castelo.
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
O nosso santo padroeiro!
Sendo Macieira a freguesia de Santo Adrião seria de esperar que os seus habitantes usassem com mais frequência o nome do santo para baptisarem os seu filhos. Como se pode ver na imagem abaixo (que recortei do meu ficheiro dos baptismos da nossa paróquia), houve apenas uma meia dúzia de vezes que isso aconteceu. Quatro vezes no século XVII, uma no século XVIII e outra no século XIX. Ou seja, conforme a aldeia foi crescendo e ficando mais moderna, perdeu a ligação ao seu padroeiro. Já não me admira que tenham começado a festejar o S. Tiago, um santo com melhor posição na igreja católica.
Vim aqui deixar este apontamento por não ter muito mais que dizer a respeito da nossa freguesia. O padre Manel do Salvador contou mais histórias e até publicou um livro, mas teve ao seu dispor todos os documentos que a igreja lhe facultou para reunir as suas informações. Há muita coisa, relacionada com a paróquia, arquivada em Braga a que ele chegou e eu não sei como fazê-lo.
Nos tempos em que Macieira reportava ao vigário de Chorente é que eu gostaria de poder espreitar os arquivos do Arcebispo, de modo a perceber o porquê de Chorente ser tão importante assim, ao ponto de estar acima de Macieira na hierarquia da igreja.
Os registos paroquiais começaram um nadinha antes de Macieira, mas já nesse longínquo ano de 1610 parecia não haver ligação alguma entre as duas freguesias, pois de houvesse isso seria visível nos documentos escritos e assinados pelos respectivos párocos. E como se pode ler na imagem acima, já era um reitor e não um vigário que estava à frente da paróquia de Chorente.
domingo, 24 de novembro de 2024
Bernardino Lopes «O Leça»!
Hoje, não estou com muita vontade de escrever, por conseguinte voltarei aqui mais tarde para completar esta minha publicação sobre o "poeta popular de Macieira" que ficou famoso pelas suas andanças de terra em terra a fazer versos e cantar ao desafio. Nos grandes serões de verão em que se faziam as desfolhadas, ou a espadelar e o fiar o linho, além das festas e romarias, lá estava ele plantado.
Por aquilo que de disse e escreveu a seu respeito, percebi que ele era mais da borga que do trabalho deixando a sua mulher, assim como a agricultura, abandonadas à sua sorte. A mulher cansou-se dessa vida e regressou a casa dos pais, em Viatodos, as terras que lhes pertenciam devem ter ficado, penso eu, entregues a alguém da família que delas tratou na ausência do dono.
Hoje, tem, na nossa freguesia, uma rua com o seu nome para que fique na memória das gentes da região como uma "pessoa que valia a pena recordar". Abaixo, alguns versos que ele cantou na boda de um amigo.
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Coisas estranhas!

































