terça-feira, 2 de julho de 2024

Um caso raro!

 Causou-me grande espanto o casamento do pai do Amaro que à data tinha 25 anos, com uma mulher tão mais velha que ele. Eram 28 anos de diferença! O que teria motivado este casamento? Nunca o saberemos, pois os protagonistas faleceram, há muito, e os descentes eram novos demais para saberem dessas coisas.

Li e reli os documentos disponíveis na Torre do Tombo e parece-me não restarem dúvidas. O noivo nasceu em Janeiro de 1910 e a noiva em 1882. Verifiquei a paternidade dos dois e acho que não restam dúvidas. O que me deixou ainda mais surpreendido foi a idade com que teve os dois filhos que eu conheci pessoalmente, o Amaro que nasceu 7 anos após o casamento e a Arminda 1 a 2 anos depois.

Um caso assim só na Bíblia, quando Deus prometeu um filho a Abraão, sendo a sua mulher já muito velha e nunca ter dado à luz qualquer filho, razão pela qual era considerada estéril. Mas Deus é todo-poderoso e fez o milagre. O nascimento do Amaro, em 1942, quando a sua mãe já tinha 60 anos, deixa-me de boca aberta! Um verdadeiro milagre, a não ser que haja outra explicação para o facto e que eu desconheço.

Nos velhos tempos, não era raro esconder o nascimento dos filhos, ditos naturais, ou seja, cujo pai era desconhecido. E a Srª Tomásia podia ter aceitado registar em seu nome o Amaro para encobrir o "caso" de uma irmã mais nova, por exemplo. E pouco tempo depois, repetir a coisa, quando nasceu a Arminda. Esconder a gravidez era possível e arranjar uma mãe postiça também, num tempo em que os partos eram feitos em casa e em completo sigilo, se a grávida assim quisesse.

Pessoalmente, acredito mais nessa possibilidade que num milagre a fazer lembrar Abraão e a sua mulher Sara.

Sara também enfrentou a esterilidade, concebendo miraculosamente em avançada idade.[3]Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos? Gênesis 17,17.E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele. Gênesis 17,19

Para algum familiar mais curioso que queira conferir os dados relativos ao Sr. António Ferreira de Matos, pai do meu amigo Amaro, aqui deixo o seu registo de baptismo, que, nos tempos da Monarquia, era o único documento existente para provar o nascimento de qualquer cristão. Ali se pode ver que nasceu, em 1910, casou em 1935, enviuvou e e voltou a casar, em 1950, falecendo, em 1988.



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