quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Pobre Maria!

Encontrei, por mero acaso, este assento de óbito e mexeu comigo a forma como o pároco de Macieira desabafou no livro dos Registos Paroquiais. Por isso decidi perder algumas horas e pesquisar os velhos (e difíceis de ler) registos para tentar desenterrar a história desta Maria que, suponho eu, seria uma criança quando morreu.


Aos dois dias de Outubro de mil seis centos e quarenta e um se faleceu Maria filha de Pedro Pires, de Penedo. Já não tinha mãe e seu pai lhe não fez nada por sua alma ...

Não consigo decifrar as últimas palavras, mas creio não terem grande interessa para a história. Vasculhei os registos de baptismo, desde o primeiro que existe até ao ano de 1660 e encontrei um Pedro Pires casado com Catherina Domingues e dois filhos, Manoel e Anna. Continuei as pesquisas e encontrei outro Pedro Pires casado com Catherina Gonçalves e também dois filhos, Manuel e Francisco. Como já tinha ultrapassado a data do óbito da Maria e esta não apareceu comecei a ficar confuso. As duas mulheres de Pedro Pires e o recado do Pároco que falava de uma menina sem mãe, fizeram-me compreender que a primeira devia ter falecido e fui à procura do seu óbito. Em vez disso, encontrei o óbito da segunda, Catherina Gonçalves, o que torna a história mais confusa ainda.
Persisti na procura e encontrei mais quatro filhos de Pedro Pires, agora com outra mulher, a Maria Francisca. Registos de casamento não há nenhum, querendo isso dizer que as noivas seriam de fora da nossa freguesia. Admitindo que o Pedro Pires é sempre o mesmo, tem que haver erro no nome da mãe nos dois primeiros baptismos e nunca existiu nenhuma Catherina Domingues. Os primeiros quatro filhos, cujos nomes menciono acima, são todos filhos da mesma mãe, Catherina Gonçalves que veio a falecer em 1650.
No fim de tanto trabalho fiquei sem saber de onde surgiu a Maria que era orfã quando faleceu, em 1641. Será possível que o Pedro Pires fosse casado anteriormente com outra mulher, a mãe de Maria? Nunca o saberei, pois não há mais registos onde possa procurar!
E para escrever aquele recado o pároco deve ter ficado sem receber o preço da missa e do funeral da criança. Não me ocorre outra razão! 

1 comentário:

  1. Sem duvida nehuma,que é un caso muito estranho.Mas tendo en conta que isso se passou nos anos 16....... é dificil saber como eram os coustumes naquela época,mas concerteza que existiam casos muito duvidosos,e acho que uma criança nao tinha grandes direitos!!! O Pai nao seria ateu,e que foram possiveis Avos que participaram o falecimento?

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