segunda-feira, 14 de setembro de 2015

João Francisco? Qual deles?

Já aqui falei nisso várias vezes, mas agora, a partir dos registos de baptismo e casamento que vou publicando, é que se pode ver a quantidade de Franciscos (nome próprio e apelido) que havia em Macieira, no Século XVIII. Ao estudar a origem do nome «Silva Novais» cheguei a um João Francisco que não usava o apelido Silva, mas me pareceu ser o tal de onde é originária a família. Para ter a certeza, dei mais uma voltinha e encontrei mais três usando o mesmo nome.
O primeiro deles era filho de Manoel Francisco e casado com Mariana Francisca. O segundo era filho de pai incógnito e casado com Maria Gomes. Do terceiro não descobri os pais, mas era casado com Anna Gomes e portanto diferente dos outros dois. O patrono da família Novaes era filho de Joze Francisco e Thereza Francisca e portanto não tem nada a ver com os outros três.
A história que vos quero contar e que não passa de uma mera hipótese que me passou pela cabeça ao ler este documento que abaixo vos apresento, começa com o falecimento da Mariana Francisca, no ano de 1764, deixando viúvo um homem na flor da idade.


Eu sei que é um tanto ou quanto difícil de perceber o que aqui está escrito, mas não precisam de preocupar-se que eu "traduzo" o pouco que interessa para a história. Começa assim:
Manoel, filho natural de Maria, filha de João Francisco, sapateiro do Lobar desta freguezia, e de sua mulher Anna Gomes, já defunta, nasceu aos vinte e sete de Abril de mil setecentos e sessenta e sete.
Depois de mencionar o nome dos padrinhos e antes de entrar com os das testemunhas, o Sr. Vigário sentiu-se na obrigação de acrescentar um parágrafo que me deu volta ao miolo e me fez adivinhar que ali havia gato. E rezava assim esse parágrafo:
Esta moça está contratada para casar com João Francisco, viúvo (o alfaiate) que ficou de Mariana Francisca, porém como são(?) parentes não se apregoarão nem faço menção dele no assento por nos ser proibido.
Ora bem, é nestas palavras que eu adivinho o que se passou em Macieira naquele verão de 1766. Viúvo há dois anos, o João Francisco tinha as suas necessidades, como é bom de adivinhar. A Maria, solteira e boa rapariga deixou-se enredar nas malhas do romance e acabou grávida. Conhecendo a história toda, o vigário quis dar uma ajudinha para salvar a honra da rapariga e obrigou o pai da criança a prometer que se casava com ela. E para que a promessa não caísse em saco roto, escreveu-a direitinha no assento de baptismo do Manoel, prova viva do crime cometido contra a honra da sua freguesa (como na altura se dizia).
Se o João Francisco se casou com a moça ou não, ainda não sei, mas espero descobri-lo quando as minhas publicações de casamentos e baptizados chegarem ao ano de 1768. Encontrei um João Francisco que se casou em Novembro de 1768 com uma Maria Gomes, de quem nasceram oito filhos, mas os nomes dos avós não condizem com os dos filhos da Mariana e, por conseguinte não se trata da mesma pessoa.

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